2007-05-28
O que é a vida!
Vim para a política por acidente. Estava a tirar o curso de engenharia electrotécnica no IST (suponho até que viria a inscrever-me na ordem dos engenheiros, se bem que só até há coisa de um mês é que isso é preciso para se ser engenheiro). Depois, por isto e aquilo, fizeram-me uma "proposta que não pude recusar" tão atractiva ela era, passar à clandestinidade. Lá se foi a engenharia e os sonhados futuros profissionais. Nunca me recompus totalmente dessa perda mas as contrapartidas foram compensatórias (a sério!)
Toda esta parra para dizer a seguinte uva:
hoje um jovem vai para a política (para uma jota) como quem escolhe um futuro profissional. Até aqui tudo bem. A política pode ser uma profissão. Mas depois, dentro do partido gere a sua concordância ou discordância com a linha política conforme as oportunidades de subida que lhe dão ou, no seu entender, ilegitimamente lhe recusam. Pode ir por aí fora até tornar-se independente ou apalpar terreno noutro partido.
Espanto-me, sem razão nenhuma, mas espanto-me, pronto, é assim. O político X do partido Y grita e berra contra a orientação e a direcção do seu partido não por causa da valia delas mas para subir um degrau, obter uma nomeação, um cargo ou um "job".
Sei que é assim já desde o tempo de Salazar. Nesse tempo sempre com o devido respeito, contricção e muitas missas. Provavelmente é assim desde Tutankamon, há 3300 anos, no antigo Egipto. Mas não consigo fazer como deve ser. Julgam que me estou a elogiar? Não, estou candidamente a revelar a minha incapacidade "política". Um defeito. Uma fraqueza.
Por isso eu digo: não nasci para a política.
Comments:
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Raimundo: a vida política precisa (precisou no passado e precisará sempre) de homem bons com tu. Desinteressados e convictos.Estar em minoria não significa que se está errado. Mas disto, sabes tu mais do que . Um abraço.
É por isso que não sei se concordo com a ideia de que a política pode ser uma profissão por si só.
Torna-se desta forma um mero treino de técnica de comunicação e de manipulação das opiniões.
De qualquer forma tenho a certeza absoluta de que não devem ser apenas os políticos profissionais a fazer política.
Também creio que a rotatividade de pessoas pelos cargos políticos bem como acabar com a acumulação estendida a todos os níveis da política poderia criar uma dinâmica muito diferente daquela a que assistimos.
A todos os níveis quero dizer desde as bases dos partidos passando pelos cargos intermédios. Por exemplo no PS quem é de um secretariado de secção não deveria poder ser da concelhia e quem é da direcção concelhia não deveria ser vereador e(ou) não deveria ocupar o cargo na concelhia ou secção mais do que uma vez seguida.
Torna-se desta forma um mero treino de técnica de comunicação e de manipulação das opiniões.
De qualquer forma tenho a certeza absoluta de que não devem ser apenas os políticos profissionais a fazer política.
Também creio que a rotatividade de pessoas pelos cargos políticos bem como acabar com a acumulação estendida a todos os níveis da política poderia criar uma dinâmica muito diferente daquela a que assistimos.
A todos os níveis quero dizer desde as bases dos partidos passando pelos cargos intermédios. Por exemplo no PS quem é de um secretariado de secção não deveria poder ser da concelhia e quem é da direcção concelhia não deveria ser vereador e(ou) não deveria ocupar o cargo na concelhia ou secção mais do que uma vez seguida.
Se por politica se entender as maquinações e inconfessáveis jogos de interessses caracteristicas dos partidos "burgueses" ou as encenações megalómanas en que o PC foi especialista ( e conhecendo o que conheço da casa e habitantes, ainda deve ser! ), então já somos dois!
Mas mesmo assim ainda acredito que deve existir por aí uma forma mais nobre de fazer política e de lutar pela justiça, solidariedade e outras tantas "idiotices" em que, apesar dos desenganos, ainda continuamos a acreditar.
Mas mesmo assim ainda acredito que deve existir por aí uma forma mais nobre de fazer política e de lutar pela justiça, solidariedade e outras tantas "idiotices" em que, apesar dos desenganos, ainda continuamos a acreditar.
Só agem assim porque NÃO são CIDADÃOS. E num país de sobrevivência (para muitos, infelizmente),com tanta iliteracia ou analfabetismo funcional, é mais fácil sobreviver com espinha dorsal de lagartixa.
É isto que dói, sobretudo porque não se vislumbram indícios de mudança deste status quo.
É isto que dói, sobretudo porque não se vislumbram indícios de mudança deste status quo.
infelizmente, a política é cada vez mais "a arte de evitar que as pessoas se interessem por aquilo que lhes importa"
ainda bem que não teve esse jeito.
;)
ainda bem que não teve esse jeito.
;)
A política vai além dos partidos políticos, que como agrupamentos de interesses de pressão, tendem sempre a criar mais "yes" que "no", por todas as razões e o conforto.
Hoje mais do que nunca, e concordo consigo, vai-se para a "jota" para se conhecer a gente certa, entrar na trama, conseguir o tacho, traçar um percurso com mais alguma certeza do que a dedicação pelos estudos/desenvolvimento pessoal e profissional podem dar numa sociedade cada vez mais desorientada (mas pragmática). é o pragmatismo da escolha, mesmo da mais ideológica.
Como em todas as organizações movidas por tramas, tramadas, é sempre necessário alguém a remar contra a corrente. Penso que hoje faz alguma falta, dentro das organizações políticas, alguém que reme contra a corrente (pelo pensamento crítico e não pelo interesse divergente dos pequenos grupos). A discussão política vai batendo no fundo das capelas, na discussão do "se os meus defendem eu defenderei", num sentido de pertença falseado pelo favor e o rabo de palha.
Tendo em conta isto não sei se não nasceu para a política, mas nasceu para questionar enquanto cidadão. E não é a questão cidadã o elemento essencial da política?
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Hoje mais do que nunca, e concordo consigo, vai-se para a "jota" para se conhecer a gente certa, entrar na trama, conseguir o tacho, traçar um percurso com mais alguma certeza do que a dedicação pelos estudos/desenvolvimento pessoal e profissional podem dar numa sociedade cada vez mais desorientada (mas pragmática). é o pragmatismo da escolha, mesmo da mais ideológica.
Como em todas as organizações movidas por tramas, tramadas, é sempre necessário alguém a remar contra a corrente. Penso que hoje faz alguma falta, dentro das organizações políticas, alguém que reme contra a corrente (pelo pensamento crítico e não pelo interesse divergente dos pequenos grupos). A discussão política vai batendo no fundo das capelas, na discussão do "se os meus defendem eu defenderei", num sentido de pertença falseado pelo favor e o rabo de palha.
Tendo em conta isto não sei se não nasceu para a política, mas nasceu para questionar enquanto cidadão. E não é a questão cidadã o elemento essencial da política?
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