2007-05-08
Às voltas com o passado
As disputas em torno dos espaços consagrados à hierarquização dos mortos é de tal modo premente e constante que, de tempos a tempos, saltam para a “actualidade” jornalística, dando conta da importância que têm no âmago das tensões e dos jogos de poder.
Duas ilustrações recentes deste tipo de disputas vieram a lume na imprensa do último fim-de-semana. A estátua evocativa do Exército Vermelho, em Tallin, e a transladação dos restos mortais de Aquilino Ribeiro, do cemitério dos Prazeres para o Panteão Nacional.
Quanto à primeira, aconselho a leitura do poste de João Tunes, “Um paradoxo de Tallin”; quanto à segunda, sugiro a notícia do DD, [aqui].
Enquanto as novas autoridades da Estónia, (membro recente da UE), pretendem redesenhar o mapa patrimonial da sua capital, remetendo a estátua para uma zona mais discreta, de modo a reforçar a nova identidade europeia, democrática e liberal, e acham que isso se consegue mais eficazmente deslocando o reflexo vermelho dos militares da ex-URSS, em Lisboa, entretanto, o que resta de um escritor cuja grandeza se sobrepôs aos ataques e perseguições que lhe foram movidos quer pela Monarquia quer pelo Estado Novo, sai da sombra periférica de um cemitério “comum”, a caminho do Panteão Nacional, um tipo de homenagem geralmente reservada àqueles que, no douto parecer de quem fala em nome da Pátria, mais prezados são.
Num caso e no outro, apesar das orientações opostas, os novos poderes reformulam os espaços da memória colectiva, transportando, de um lado para o outro, o peso do passado.
A história permanece um assunto de contínua actualidade.
Para nós, como para os Estónios, o passado raramente fica bem onde o deixaram.
Duas ilustrações recentes deste tipo de disputas vieram a lume na imprensa do último fim-de-semana. A estátua evocativa do Exército Vermelho, em Tallin, e a transladação dos restos mortais de Aquilino Ribeiro, do cemitério dos Prazeres para o Panteão Nacional.
Quanto à primeira, aconselho a leitura do poste de João Tunes, “Um paradoxo de Tallin”; quanto à segunda, sugiro a notícia do DD, [aqui].
Enquanto as novas autoridades da Estónia, (membro recente da UE), pretendem redesenhar o mapa patrimonial da sua capital, remetendo a estátua para uma zona mais discreta, de modo a reforçar a nova identidade europeia, democrática e liberal, e acham que isso se consegue mais eficazmente deslocando o reflexo vermelho dos militares da ex-URSS, em Lisboa, entretanto, o que resta de um escritor cuja grandeza se sobrepôs aos ataques e perseguições que lhe foram movidos quer pela Monarquia quer pelo Estado Novo, sai da sombra periférica de um cemitério “comum”, a caminho do Panteão Nacional, um tipo de homenagem geralmente reservada àqueles que, no douto parecer de quem fala em nome da Pátria, mais prezados são.
Num caso e no outro, apesar das orientações opostas, os novos poderes reformulam os espaços da memória colectiva, transportando, de um lado para o outro, o peso do passado.
A história permanece um assunto de contínua actualidade.
Para nós, como para os Estónios, o passado raramente fica bem onde o deixaram.
Comments:
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Que maravilha encontrar aqui Aquilino Ribeiro e a minha capa do livro A CASA GRANDE DE ROMARIGÃES.
Não vale a pena dizer que não, pois a capa aqui reproduzida tem os mesmos defeitos na sobrecapa, a linha cinzenta na margem direita, etc.
Não faz mal usá-la, mas não ficava mal dizer que a imagem pertence ao sítio tal. Coisas...
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Não vale a pena dizer que não, pois a capa aqui reproduzida tem os mesmos defeitos na sobrecapa, a linha cinzenta na margem direita, etc.
Não faz mal usá-la, mas não ficava mal dizer que a imagem pertence ao sítio tal. Coisas...
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