2007-05-26
Um circo no deserto (3)
Dado que o “grau de popularidade” das instituições e figuras políticas se presta a frequentes utilizações destinadas a substituir a argumentação pela autoridade dos números, (inclusivamente neste blogue em que estou a escrever), atente-se nos resultados do barómetro da Marktest, publicado nos jornais de ontem.
O PS lidera as intenções de voto (47%) a larga distância do PSD (27%) e, ainda mais, dos restantes partidos PCP e BE (8%) e CDS-PP (6%).
Isto quer dizer que o PS, se fosse a votos na data das entrevistas, tinha assegurado um resultado que poderia repetir a maioria absoluta.
Porém, o que vemos em provas eleitorais parciais (regionais da Madeira, autárquicas e, provavelmente, na próxima futura de Lisboa) é um partido que ganha em abstracto (ideias gerais para o país) e perde -- ou ganha menos -- no concreto (soluções específicas para os problemas das pessoas).
Lendo com atenção os índices de popularidade, é essa mesma ideia que se desprende das estatísticas.
O 1º Ministro José Sócrates obteve um score de 2% que é o resultado médio de 42% de popularidade negativa (eufemismo para o conceito de impopularidade) e 44% de popularidade propriamente dita.
Porque será que “ninguém” reparou, agora, que o resultado do 1º Ministro ficou abaixo dos valores atingidos pelo seu partido? E que 6 (seis) dos seus ministros se apresentam com taxas negativas, três deles com saldos da ordem dos dois dígitos (Agricultura, Educação e Saúde)?
Todas as contas feitas, temos um governo que deprecia, em passo de corrida, as expectativas dos portugueses que lhe deram e gostariam de continuar a dar uma larga maioria para governar... melhor, pelo visto.
Posto isto, porque não ser mais exigente com os governantes?
Porquê o reflexo condicionado de correr a defendê-los mesmo quando as asneiras, erosivas da confiança depositada no PS, saltam a olhos vistos e urge dar-lhes solução?
A fazer lembrar aquela velha laracha que comparava Mário Soares com certos católicos: "sim, é socialista, mas não praticante"
Aquilo que idealizámos e muitas vezes até planeamos sai-nos de forma diferente. Nunca contamos com a quantidade de problemas, interesses e contra poderes que não nos permitem chegar onde queremos.
O segredo está em conseguir não nos desviarmos o suficiente dos princípios ideológicos. E onde está a fronteira ?. Ninguém sabe.
Por isso, talvez pela primeira vez, tenho de concordar com o Manuel Correia em que temos de ser exigentes com os governantes e, como estamos de fora, apontar-lhes os erros e desvios. Eles, com humildade, deveriam compreender que não é de ataques pessoais que se trata.
Pelo menos tentar colocar-se em causa.
Dadas as reacções que tenho visto estamos a cair no pior do tempo do Guterrismo em que a resposta às críticas quando se estava mesmo a ver que algo não ia bem era : Temos de ser solidários ; Não podemos pactuar com o inimigo da oposição.
Se o governo e o aparelho continuam no autismo de ninguém ouvir e em vez de ser humildes pensar serem alvos de uma estratégia do ataque, então prevejo que os números muito rapidamente começarão a cair.
Meu caro,
Sou militante socialista e nesta qualidade lhe manifesto a minha solidariedade, condenando veemente a atitude estúpida da (i)responsável da DREN.
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