2007-06-18
Democracia participativa
Já fui marinheiro quando, no Restelo, discutimos acaloradamente se nos devíamos meter à maluca por essas águas oceânicas, repletas de monstros marinhos, para descobrir incertas Índias.
Já fui arquitecto quando o país discutiu apaixonadamente a construção do Centro de Arte Moderna nos belos jardins do museu Gulbenkian, em Lisboa e, anos depois, com mais paixão ainda o Centro Cultural de Bélem - ao pé dos Jerónimos, credo!! - que depois derrapou para astronómicos custos que não chegou no entanto para impressionar o primeiro-ministro de então, um tal Cavaco Silva que queria com aquele monumento assinalar a sua passagem pela Terra.
Depois fui engenheiro, paisagista, ambientalistas, quando o país se engalfinhou numa interminável discussão sobre a localização da nova ponte sobre o Tejo: Chelas-Barreiro ou mais a Norte para o Montijo? Agora, enquanto o país se descompõe e arrepela numa insondável e desconfiada quesília, sou engenheiro de estruturas e de aeródromos, especialista em ruído e em ordenamento do território, voos de aves migratórias e aquíferos, economista e técnico de contas.
Sei quase tudo o que é preciso saber sobre onde, como, quando, com que despesas e com que receitas e para quê construir uma cidade aeroportuária. Apenas tenho uma dúvida. Ota ou margem Sul ?
Portanto, desculpem lá, mas vou continuar a escrever umas postas sobre o assunto. E se se chegar a alguma conclusão, em vida, tenho ainda graças a Deus e a Marques Mendes o dossiê AV (alta velocidade) também impropriamente conhecido por TGV.
Haja Deus que OTAS não faltarão.
Comments:
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Meu Caro Raimundo
O princípio do teu verbo fez-me lembrar, apenas por similitudes fonéticas, aquela linda canção de protesto do MPLA - quando o MPLA era ainda o MPLA - "já fui márinheiro, návegádor, já fui bota d'oiro, entusiasmei muultidões, mas sempre acorrentado às naus dos meus senhores..."
A verdade é que sem democracia participativa a democracia não progride e para participar nem sempre é preciso dominar tecnicamente as questões. Aliás, se o requisito fosse exgível para a democracia representativa, provavelmente ainda agora estaríamos no voto censitário, com muita probalidade de nos dias de hoje ele caber apenas aos capitalistas (também agora chamados empreendedores), por não se vislumbrar que competência poderiam ter os demais para escolher adequadamente os representantes.
Para que assim não seja e não se regrida, é que se torna necessário que a sociedade se democratize, ou seja, que o homem nas suas múltiplas valências, nas que vão para além do "citoyen" rousseauniano, participe em tudo que lhe diga respeito.
JMCorreiaPinto
O princípio do teu verbo fez-me lembrar, apenas por similitudes fonéticas, aquela linda canção de protesto do MPLA - quando o MPLA era ainda o MPLA - "já fui márinheiro, návegádor, já fui bota d'oiro, entusiasmei muultidões, mas sempre acorrentado às naus dos meus senhores..."
A verdade é que sem democracia participativa a democracia não progride e para participar nem sempre é preciso dominar tecnicamente as questões. Aliás, se o requisito fosse exgível para a democracia representativa, provavelmente ainda agora estaríamos no voto censitário, com muita probalidade de nos dias de hoje ele caber apenas aos capitalistas (também agora chamados empreendedores), por não se vislumbrar que competência poderiam ter os demais para escolher adequadamente os representantes.
Para que assim não seja e não se regrida, é que se torna necessário que a sociedade se democratize, ou seja, que o homem nas suas múltiplas valências, nas que vão para além do "citoyen" rousseauniano, participe em tudo que lhe diga respeito.
JMCorreiaPinto
E otários claro!
Com esta "democracia participativa" o título pretendia ser irónico e as considerações do Correia Pinto esclarecem o verdadeiro sentido.
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Com esta "democracia participativa" o título pretendia ser irónico e as considerações do Correia Pinto esclarecem o verdadeiro sentido.
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