2007-06-28
Livros que vale a pena ler (6)
LA NAISSANCE DU MONDE MODERNE (1780-1914) – Christopher A. Bayly – Les Éditions de l’ Atelier/Éditions Ouvriéres, Paris, Janeiro de 2007, 862 págs., € 15 (traduzido do inglês, “The birth of the Modern World (1780-1914)”, Oxford, 2004), prefácio de E. Hobsbawm.- O autor é professor de história, na Universidade de Cambridge, especialista em descolonização, com vasta obra publicada na Grã-Bretanha nesta área.
Este livro, prefaciado por Hobsbawm e traduzido por Michel Cordillot, pofessor de civilização americana na Universidade Paris VIII, foi saudado pela imprensa anglo-saxónica como um grande acontecimento. Ele abarca um período crucial da história da humanidade, durante o qual o mundo se transformou radicalmente. A novidade da análise de Bayly, relativamente ao período estudado, assenta, segundo Hobsbawm, em três teses, a seguir resumidamente expostas.
A primeira é a de que a dominação exercida pelos europeus sobre o mundo começou a ser posta em prática antes de ser evidente a sua superioridade económica e tecnológica, a qual, segundo o autor, se situa em meados do século XIX. Devendo, por isso, atribuir-se a factores de outra ordem (sociais, institucionais e políticos), em particular formas de organização muito mais eficazes no modo de fazer a guerra, a causa daquela superioridade.
A segunda decorre da especialização pessoal do autor em história indiana. Ele apresenta a Índia do século XVIII não como “uma sociedade imutável no seio de um império mongol em declínio, pronta a ser conquistada por uma potência estrangeira, mas como um sub-continente caracterizado por inovações comerciais dinâmicas, no seio do qual os interesses comerciais e urbanos se esforçam por criar os meios adequados a fazer face à instabilidade política da região”. Por isso, no início, pelo menos, os britânicos alcançam politicamente o poder não tanto como conquistadores vindos do ultramar, mas como parte integrante da tentativa imaginada por certos indianos de modificar a relação de forças no interior do sub-continente. O nascimento do mundo moderno não seria assim algo de imposto do exterior pelo Ocidente, mas antes um processo complexo no qual forças de um e outro lado interagem, embora com vantagem das forças representadas pelas potências ocidentais, sendo o processo saído desta interacção que torna os países dominados suficientemente fortes para resistir à dominação ocidental.
A terceira é a de que durante uma grande do período que vai de metade do século XVIII ao fim do século XIX se desenvolve no Oriente e no Ocidente um caminho estranhamente similar para formas transitórias de modernização. A partir de 1890, porém, a versão moderna do capitalismo mundializado condenou ao desaparecimento o que havia subsistido da herança dos antigos regimes, tanto na Europa como no resto mundo.
Independentemente da validade destas teses, fica, em qualquer caso desta obra, a demonstração convincente da “natureza multipolar da mudança, mesmo durante o período de dominação do Ocidente”, a natureza interactiva dos acontecimentos e das evoluções ocorridas em todas as partes o mundo.
Este livro, prefaciado por Hobsbawm e traduzido por Michel Cordillot, pofessor de civilização americana na Universidade Paris VIII, foi saudado pela imprensa anglo-saxónica como um grande acontecimento. Ele abarca um período crucial da história da humanidade, durante o qual o mundo se transformou radicalmente. A novidade da análise de Bayly, relativamente ao período estudado, assenta, segundo Hobsbawm, em três teses, a seguir resumidamente expostas.
A primeira é a de que a dominação exercida pelos europeus sobre o mundo começou a ser posta em prática antes de ser evidente a sua superioridade económica e tecnológica, a qual, segundo o autor, se situa em meados do século XIX. Devendo, por isso, atribuir-se a factores de outra ordem (sociais, institucionais e políticos), em particular formas de organização muito mais eficazes no modo de fazer a guerra, a causa daquela superioridade.
A segunda decorre da especialização pessoal do autor em história indiana. Ele apresenta a Índia do século XVIII não como “uma sociedade imutável no seio de um império mongol em declínio, pronta a ser conquistada por uma potência estrangeira, mas como um sub-continente caracterizado por inovações comerciais dinâmicas, no seio do qual os interesses comerciais e urbanos se esforçam por criar os meios adequados a fazer face à instabilidade política da região”. Por isso, no início, pelo menos, os britânicos alcançam politicamente o poder não tanto como conquistadores vindos do ultramar, mas como parte integrante da tentativa imaginada por certos indianos de modificar a relação de forças no interior do sub-continente. O nascimento do mundo moderno não seria assim algo de imposto do exterior pelo Ocidente, mas antes um processo complexo no qual forças de um e outro lado interagem, embora com vantagem das forças representadas pelas potências ocidentais, sendo o processo saído desta interacção que torna os países dominados suficientemente fortes para resistir à dominação ocidental.
A terceira é a de que durante uma grande do período que vai de metade do século XVIII ao fim do século XIX se desenvolve no Oriente e no Ocidente um caminho estranhamente similar para formas transitórias de modernização. A partir de 1890, porém, a versão moderna do capitalismo mundializado condenou ao desaparecimento o que havia subsistido da herança dos antigos regimes, tanto na Europa como no resto mundo.
Independentemente da validade destas teses, fica, em qualquer caso desta obra, a demonstração convincente da “natureza multipolar da mudança, mesmo durante o período de dominação do Ocidente”, a natureza interactiva dos acontecimentos e das evoluções ocorridas em todas as partes o mundo.
(Selecção e texto de J.M.Correia Pinto)