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2007-07-29

 

Ai flores, ai flores do verde pino

Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
Ai Deus, e u é?

Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo!
Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi à jurado!
Ai Deus, e u é?

Vós me preguntades polo vosso amigo,
e eu ben vos digo que é sano e vivo:
Ai Deus, e u é

Vós me preguntades polo vosso amado,
e eu ben vos digo que é vivo e sano:
Ai Deus, e u é?

E eu bem vos digo que é sano e vivo
e seerá vosco ante o prazo saido:
Ai Deus, e u é?
E eu ben vos digo que é vivo e sano
e seerá vosco ante o prazo passado:
Ai Deus, e u é?

_____________

El-Rei D. Denis, Cancioneiro da Vaticana, 101 e Cancioneiro da Biblioteca Nacional, 568.

In Poesia Medieval, I. Cantigas de Amigo, Ordenação, prefácio e notas de Hernâni Cidade (textos Literários 1959)

Comments:
En Lixboa,sobre lo mar
barcas novas mandei lavrar
Ai, minha senhor velida!

En lixboa,sobre lo ler
barcas novas mandei fazer.
Ai,mia senhor velida!

Barcas novas mandei lavrar
E no mar as mandei deitar
Ai ,mia senor velida

Barcas novas mandei fazer
E no mar as mandei meter.
Ai,mia senhor velida!
Joan Zorro

Fernando Pessoa escreveu sobre a nossa tradição peninsular,não sei onde param o poema ou poemas cá em casa. Depois dele Fiama Hasse Brandão, escreveu também com este poema como inspiração um outro, nos anos 60,no seu livro Barcas Novas. Registo-o depois por razões de espaço! Mas,sabe que toda esta poesia foi retirada dos programas escolares! O que é obtuso, se pensarmos na nossa heteronímia , desde as cantigas de amigo! A nossa língua literária nasceu bem e foi transmitada pelos séculos,neste momento faz-se tábua rasa; por estes séculos também andou Eugénio,em busca de ritmos,sonoridades e motivos-- E encontrou ! Felicito-o pelo gosto! Saudações poéticas!
 
O prometido é devido, de Fiama claro !

Lisboa tem barcas
agora lavradas de armas.

Lisboa tem barcas novas
agora lavradas de homens

Barcas novas levam guerra
as armas não lavram terra

São de guerra as barcas novas
ao mar mandadas com homens

Barcas novas são mandadas
sobre o mar

não lavram terra com armas
os homens

nelas mandaram meter
os homens com a sua guerra

Ao mar mandaram as barcas
novas lavradas de armas

Em Lisboa sobre o mar
armas novas são mandadas
Fiama,in obra breve

Espero que goste, pois a si,
dir-lhe-á muito, suponho, e a si estou reconhecido agora à distância ! Pois nasci prioritariamente destinado a esta guerra, e disso sabia meu pai
quando me dizia repetidamente,quando fores grande tens de fugir! Saudações humaníssimas !
 
Agradeço ao anónimo a belíssima poesia que deixou nos comentários assim como as palavras amigas. Fico, é claro, cheio de curiosidade de saber quem é o anónimo. Uma abraço
 
Caro Raimundo Narciso, eu sou apenas um anónimo que gosta de se encontrar com a história do país onde nasceu e lhe coube crescer,falo da história dos últimos trinta anos, aprecio gente honesta,gente comum que ainda me dá lições de vida. Vou muitas vezes aos/às poetas, e dialogo o possivel! Um dia falaremos,estou certo! Poste poesia porque esta forma de escrita breve ou torrencial é ainda um meio de atingir o real e clareá-lo. Não concebo a estética sem a ética,mas o momento presente exige cada vez mais seres morais, e não são só os artistas que o são. Moral,na escrita ,sim eu sei, quem são os fariseus!
Cumprimento-o !
 
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