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2007-07-19

 

Participação


A merda das emoções. Sacanas que teimam em variar ao longo dos dias. Uns dias estou triste, outros alegre, outros eufórico, por vezes ansioso, outras num misto impossível de descrever (mas parece que existem por aí uns estudiosos que as enumeraram).

Depois tudo o que faço nesse dia parece que anda por elas comandado. Daniel Goleman diz que o importante é conseguir identificar o que sentimos e reagir levando esta consciência em linha de conta. Estou farto de treinar mas não consigo.

Por isso é que hoje as minhas opiniões estão algo amargas.

Frequentemente se diz que em Portugal existe um défice de participação. Pela minha parte tudo tenho feito para não poder ser acusado de tão mortal defeito. Nos últimos 12 anos devem-se contar pelos dedos de uma mão os meses em que vivi para os meus objectivos mais "normais" (o meu padrão é criado com base naqueles com quem lido, com o que vejo, oiço e leio).

Desenvolvi software livre à noite, fiz parte de Associações de Pais das escolas dos meus filhos, sou dirigente desportivo, tive assento na assembleia de freguesia do local onde vivo, ajudo comunidades online, etc.

Actualmente sou dirigente de um clube desportivo de Lisboa onde se pratica exclusivamente desporto amador. A prática desportiva é amadora, os dirigentes também. A única excepção são os monitores e treinadores. Todas as receitas realizadas com a prática são justificadas com a necessidade de "pagar as contas". Tudo é apresentado com grande transparência nos relatórios de contas.

Pode-se perguntar porque sou eu dirigente. Na verdade nem eu o sei. Acho que é porque pratiquei desporto no clube quando era jovem e achei que também devia agora contribuir com o meu grão de areia. Pago tudo como qualquer sócio e sendo um pequeno clube não tenho (nem quero ter) qualquer promoção social por o fazer. Trabalho muitas horas em tarefas e deixei inclusivamente de praticar desporto porque esta actividade me retira tempo para o fazer.

Apesar de tudo isto não passa uma semana sem que eu seja acusado de só lá estar para obter vantagens e qualquer decisão tomada é sempre violentamente criticada por qualquer um dos grupos em presença. No entanto um dirigente está lá para gerir. E quando se gere tem de se decidir.

Tenho pensado muito será será inabilidade minha. Acredito que muito o será, mas não só. Falando com outros na mesma situação verifico que isto se passa em todo o movimento associativo.

Seja o que for acho que vou mudar ! Porque hei-de eu trabalhar para todos se nunca ninguém dá valor ?. Só por algum estranho prazer pessoal e acreditar que a minha actividade serve para alguma coisa ?

E tal como eu começo a pensar desta forma, quem me vê triste e desanimado pensa o mesmo e promete nunca se meter na mesma situação.

É por isto que acho que não há participação. Porque nem sequer se tem o reconhecimento daqueles para quem se trabalha desinteressadamente.
Comments:
Caro Amigo,
Li o seu poste e sinceramente acredito no que diz,sente-se nas suas palavras. Quem é Daniel Goleman,desculpe a ignorância mas ninguém sabe tudo. Já aqui no puxa uma vez disse a propósito não me lembro de QUê ,que no momento actual da nossa sociedade,o modelo social de triunfo para muitos jovens e que parece não só,é o mundo de futebol. Margaret Mead abordou o futebol como grande metáfora da sociedade,disse-o salvo erro em 33,olivro não me lembro,ora como o mundo do desporto está completamente corrompido é natural olharem -no
dessa forma perversa,é natural na medida em que não o é , esclareçamos, o tempo político social e cultural encarregou-se de o construir. Isto talvez não o ajude muito, mas compreendo os seus sentimentos uma vez que fez o que lhe estava na consciência e entregou-se ao que podia fazer de melhor e foi fazendo,neste momento a corrosão do carácter é tanta que a raiva vai tanta assomando! Gostaria que alguém mais se pronunciasse sobre este problema para que de uma forma ou outra. cordialmente e consigo!
 
Daniel Goleman é um psicólogo e autor de vários livros.

O mais conhecido chama-se Inteligência Emocional. O livro não é algo de completamente novo na área mas tratando-se de um best seller de divulgação conseguiu trazer o tema para o topo das discussões em 1995.
 
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