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2007-08-09

 

Força de expressão (10)

Vítor Dias (VD), revelando uma traquinice intelectual compulsiva, vem operar uma vingança dupla, no seu blogue “O Tempo das Cerejas”, confessando, à partida, que se esforçou por não o fazer, mas acabando por fazê-lo, alegando que a tentação, manhosa, desabou irresistivelmente sobre a sua vontade primeira. De uma penada, arruma Zita Seabra (ZS) e Raimundo Narciso (RN), explicitando o seu notável raciocínio, seguido de julgamento sumário e sentença salomónica, no poste “Coisas quase de silly season. Desculpem, mas não resisto”.

Se considerarmos que os dois livros que RN escreveu (ARA. Acção Revolucionária Armada, Dom Quixote, 2000; e Álvaro Cunhal e a Dissidência da Terceira Via, Âmbar, 2007 ) constituem incontornáveis objectos de estudo em áreas da história da cultura e da política, testemunhando, o primeiro, a determinação dos comunistas na luta contra a ditadura fascista, e, o segundo, alguns meandros de uma das dissidências que lavraram no PCP, e da qual ele foi um dos protagonistas mais visíveis, intui-se, com facilidade, que não estamos perante o mesmo tipo de memorialismo que ocorre no livro de ZS, “Foi assim”. Enquanto ZS se apressa indisfarçavelmente a fechar um processo, apresentando-se já como outra pessoa, liberta de quaisquer ideias, crenças ou sentimentos associados à vivência partidária anterior, inteiramente recuperada para o PSD, RN delimita dois processos que não esgotam muitos aspectos da sua história de vida, (tradicionalmente objecto do memorialismo radical), orgulha-se da sua militância comunista, não se habilitando, particularmente, ao agir assim, a ser mais ou menos elegível para qualquer cargo importante no PS.

Há diferenças marcantes nas contribuições memorialistas de ZS e RN. VD reconhece-o, de certo modo, mas descortinou, no seu jeito inventivo de constelar, uma semelhança inesperada entre os dois: quer ZS, no "Foi Assim", quer RN, no seu último livro, citaram o seu nome em circunstâncias vagas ou inexactas, deixando-o desconfortável na imagem pública que dele projectaram. E, apesar de resultar claro do texto de RN, que VD conversava com alguns dos dissidentes, mas com eles não deveria ser confundido, não pendendo contra ele quaisquer incómodas suspeitas a manchar um passado impoluto, atirou-se, agora a RN, vingando-se daquelas dezenas de dias de sofrimento que mediaram as primeiras trocas de propósitos, a partir do artigo do Expresso, e a entrevista de RN a Maria Flor Pedroso, na Antena 1.

“Amanhem-se” - solta VD, ufano e aliviado.

É este o alcance reflexivo dos que, entre o marketing e a publicidade, continuam a preferir a propaganda à discussão.

Falar a sério, compromete-os, dando a sensação que estavam demasiado próximos daqueles com quem apenas conversaram. Só atacando, mesmo com infantilidades, se julgam dignos da auréola consolidada de irrepreensíveis guardiões do pensamento oficial.

Ora cerejas!


Comments:
A VIDA E O TEMPO DIRÃO MAIS CLARAMENTE ÀCERCA DOS IMPOLUTOS E DOS TARTUFOS
 
Manuel Correia
Se o caro amigo está supostamente a perorar sobre o Vítor Dias o que raio são pérolas como:

"É este o alcance reflexivo dos que, entre o marketing e a publicidade, continuam a preferir a propaganda à discussão. Falar a sério, compromete-os, dando a sensação que estavam demasiado próximos daqueles com quem apenas conversaram. Só atacando, mesmo com infantilidades, se julgam dignos da auréola consolidada de irrepreensíveis guardiões do pensamento oficial."

O Correia está a falar de quém?
Vários Vítores Dias?
Outros Vítores Dias?
Outros outros?
Dos pretos?
Dos árabes?
Dos gays?
Dos "drògados"?
Quém? Não é por nada, mas as generalizações têm o condão de me enervar e cheirar a "uma espécie de racismo".
Como espero não ser esse o sentido do seu post, esclareça-me se estiver para aí virado.
Cumprimentos.
 
1) Respondendo a Eufrázio Filipe:

Só aos poetas são permitidas frases tão enigmáticas. Creio que compreendi e agradeço o comentário. Trata-se das nossas vidas e dos nossos tempos. Cada um faz o melhor que pode e sabe, tendo, o autor do poste feito bastante. Quando a vida e o tempo falarem, saberemos então, da pureza dos tartufos e das baixezas dos impolutos.

2) Respondendo a Samuel:

Do gongorismo agressivo a que lancei mão neste poste, já pedi desculpa a Vítor Dias no poste "Força de Expressão (11)", logo a seguir. Ele tem razão. Fui injusto em vários aspectos.
Quanto à utilização dos plurais, foi outra fraqueza. Acho que o Samuel tem razão em ver nessas generalizações uma certa ambiguidade. Peço-lhe o favor de, quanto a este assunto, ler o poste seguinte e considerar este impróprio para consumo.

Obrigado aos dois.
 
Adenda à resposta anterior a Eufrázio Filipe:

Onde se lê, o "autor do poste" deve ler-se o "autor do comentário" (estou a falar do próprio Eufrázio), e onde se lê, "bastante" tb se pode ler "muito".
 
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