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2007-08-22

 

Força de expressão (18)

Vítor Dias disse a Pedro Rolo Duarte (Antena 1, 12/08/2007) que os ex-dirigentes do PCP que se entregaram à publicação de memórias (os casos em discussão eram os de Raimundo Narciso e Zita Seabra, mas há muitos outros que o fizeram) guardaram certamente muita documentação (incluindo apontamentos de reuniões e anotações pessoais) para poderem fazê-lo. Deste modo, Vítor Dias faz com que, de La Palisse a Maquiavel, vá um passo de anão. Isto é, do óbvio (guardar papeis alusivos) ao processo de intenção (tê-lo feito já com um propósito específico).

Sem desprimor para a entrevista, na sua globalidade, disponível no podcast da Antena 1 [aqui ou ali], que vale a pena (re)ouvir, este aspecto levanta uma questão adormecida: deveria a vida interna do PCP, com o que representa para a cultura política do século passado, permanecer afunilada nas versões oficiais e autorizadas?

De resto, como julgo sabermos, certos documentos oficiais não mentem menos nem são mais verdadeiros do que as diferentes perspectivas aparentemente contidas nalguns apontamentos que os dissidentes conservaram.

Apontar os documentos oficiais do PCP como resposta a algumas das questões suscitadas, parece-me redutor. Pode continuar a não haver interesse nem disposição para discuti-las. É compreensível. Sem o menor desrespeito pelo “rude mas exaltante empreendimento humano”, expressão que Vítor Dias toma apropriadamente de Manuel Gusmão, conviria juntar, na circunstância, o aforismo de Terêncio: “(...) nada do que é humano me é estranho”.

Melhor ou pior, o entendimento dos humanos há-de encaixar os testemunhos de cada um na institucionalidade das posições e documentos oficiais.




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