2007-08-22
A oposição "transgénica" da direita
O caso do milho transgénico destruído no Algarve tem alguma importância. Mas não pelas (más) razões que, em estival histeria, tem motivado alguma da intelligentsia mais credenciada da direita.
A importância maior está a ser, sem dúvida, o ter aquele distúrbio conseguido, surpreendentemente com a involuntária ajuda de alguma direita, alertar a opinão pública para o problema dos transgénicos e da sua dimensão em Portugal. É um assunto sobre o qual parece continuar a haver mais dúvidas que certezas. Mas a importância que certas figuras do PSD e não só, têm dado ao caso releva da luta partidária contra o Governo e da ajuda decisiva mas imprópria que lhe foi dada pelo PR. Talvez motivada pelos calores das suas férias no Algarve.
O caso em si, a destruição do hectare de milho, num valor inferior a 4.000 euros, e especialmente, mesmo a admitir-se como verdadeira (o que não está provado) a frouxa reacção da GNR (os exaltados da oposição de direita queriam sangue, teriam então pretextos melhores para a barganha política) reduz-se a um caso que exigiria a intervenção política ao nível da autarquia ou do Governador civil.
Luís Filipe Menezes percebendo o rídiculo de Marques Mendes na sua ânsia de "ir a todas" castigou o adversário dando ao caso e ao rival a sua verdadeira dimensão paroquial.
Claro que o papel da oposição é combater a política do Governo. Mas se a sanha atinge padrões comparativos tão elevados num fait divers é porque acha que na política do Governo nada há que mereça tanta contestação. E não haverá?