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2007-09-23

 

As sequelas confessionais no Estado laico

Segundo as novas regras impostas nos hospitais pelo ministro da Saúde a assistência religiosa aos doentes passa a depender do desejo deste que deverá ser expresso por escrito.
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Portugal só lentamente se consegue libertar das sequelas do Estado confessional. A Igreja católica foi no passado a par do trono e da nobreza o grande pilar do poder, um poder profundamente opressor da esmagadora maioria da população, de acordo com os estádios civilizacionais de cada época. Sem esquecer que sempre na Igreja houve movimentos, ainda que minoritários e frequentemente em confronto com a hierarquia, defensores empenhados na luta pela justiça social.
A primeira revolução do século passado, em 1910, que substituiu a monarquia pela República, pôs fim a inúmeros privilégios absurdos que castigavam a massa do povo e criou o Estado laico separando a Igreja do Estado. A perda de privilégios e do monopólio sobre os instrumentos de condicionamento cultural e mental dos Portugueses levou a hierarquia da Igreja a desencadear uma luta sem tréguas contra o nosso regime libertador que veio a ter sucesso com o golpe militar de 28 de Maio, de 1926 que abriu o caminho para a ditadura fascista e subjugou o país 48 anos, com a censura à comunicação social, a proibição de partidos e sindicatos livres, com as missas a louvar a santidade do ditador Salazar, com a proibição do direito de reunião, com a criação de uma polícia política. O país foi assim posto ao serviço de uma casta e de uma visão rural-clerical feita de seminário e Santa Comba Dão. A Igreja ou, se se preferir, a sua hierarquia, foi durante a ditadura de meio século, não apenas cúmplice mas, com as forças armadas, o principal pilar, ostensivo e militante, do regime opressor.
A segunda revolução do século XX, em 1974 repôs a democracia e a liberdade, separou de novo a Igreja do Estado e acabou com o monopólio de privilégios de que ela gozava. Mas trinta e quatro anos depois da revolução a Igreja ainda se mantém entrosada no Estado. Os sacerdotes católicos são os únicos que mantém um vínculo laboral com o Estado. Nas forças armadas, nas polícias, nas prisões e nos hospitais. O semanário O Sol revela que, por exemplo, o Hospital da Feira, gerido por regras empresariais, dispensou o capelão poupando o seu ordenado de cerca de 1200 euros. O mesmo Sol diz que os bispos estão indignados com aquela medida do Governo.
Estou de acordo com as medidas agora tomadas. No entanto, para tentar perceber melhor a situação fiz o seguinte exercício, troquei a religião católica pela muçulmana, procurando libertar o juízo acerca da medida governamental da nossa enraizada formação católica. Eis então como ficaria a notícia:

"Segundo as novas regras decretadas pelo ministro da Saúde os clérigos xiitas e os clérigos sunitas deixam de poder andar nos hospitais pelos quartos dos doentes quando lhes aprouver. Agora, para assustarem com Maomé os doentes, fragilizados com o espectro da morte ou, se crentes, para os ajudar a salvarem-se na outra vida dos pecados nesta, só podem visitar os doentes se estes assim o entenderem e, para que não haja abusos, o pedido tem de ser feito por escrito". Vistas as coisas assim parece-me óbvia a medida.


Comments:
É verdade , na Igreja Católica nem todos afinam pelo mesmo diapasão, ontem a Capela do Rato, hoje Nós Também Somos Igreja. Mas, ontem um primeiro ministro benzendo-se numa cerimónia de abertura de ano lectivo com ministra da educação sob o comando de um bispo, e hoje um capelão dispensado... Tenho alguma dificuldade em aceitar/ compreender estas contradições. Em conversa acesa com amigos sobre o caso de Sócrates benzendo-se diziam-me que tinha todo o direito em fazê-lo já o bispo não deveria estar,nem o primeiro o deveria ter permitido. Poderá um ministro eleito por uma maioria fazê-lo em acto solene governamental ? É legÍtimo exprimir as suas convicções de fé assim.... ?? Eu penso que ele serviu-se da igreja e a igreja dele com muito MarKeting... Será que o Presidente da República poderá fazÊ-lo numa cerimónia um dia destes ....? Sinceramente, gostava de ouvir mais opiniões... Não gostaria de voltar ao tempo, um Estado, uma Religiâo, uma Nação embora isto já seja um sinal como no fascismo, e haja defensores do sim a crescer como cogumelos e o caso da dispensa do capelão venha a ser tratado como outros que possam acontecer da ordem do residual! Cordialmente
 
De facto aquele meio século sem IURD, sem Batistas, sem Mesquita em Lisboa, sem Evangelistas nem Anglicanos, sem Scolari nem Ronaldo...era chato muito chato, com o monopólio de Fátima Futebol e Fado...
Vá lá que acabou o monopólio.
 
Não, não era mais chato, você quer parecer ligts, mas não consegue porque tem provavelmente a minha idade e se não viveu
o Antes de Abril recebeu testemunho que não o autoriza a falar assim... Agora parece melhor só porque aos seus éfes, falta o folclore, a fome ... e taxa de natalidade, vamos lá, em
f, agora é também horrendo sob o véu democrático e vil. Se há pluralidade religiosa e ainda bem,isso não quer dizer que haja oportunismo político/ religioso ou o vice-versa. O Estado tem de ser laico porque não vejo o Sócrares de manhã a correr á sinagoga,porque está interessado no muro de Israel, de seguida bater em retirada para a capela do Rato, passar pela sede do P.S e recolher um bentinho, deixá-lo na casa da Amália, perguntar em S.Bento pelo Padre Feytor Pinto , ou pelo Cardeal Patriarca , bater de novo em retirada para Belém para oração a 27 , deixando no esquecimento as testemunhas de jeová quando foi dar sangue, e os muçulmanos só porque não é homem de tirar as socas e vá-la pôr-se de rabo para o ar, só porque foi Ministro do Ambiente e já falava Inglês técnico, para a televisão ! Por isto mesmo é que ele tem de fazer alguma coisa de jeito pelo país e se não é capaz porque não é mesmo ,passe a bola a quem sabe sem ser com métodos autoritários próprios de quem é desajeitado e neo -facista de de esquerda e não tem políticas cá para o Portugalex! OKAI SANQUIÙ!
 
NÃO, NÃO ERA MAIS CHATO, tem razão,nem era preciso tanta explicação para eu compreender.
 
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