2007-09-22
Anúncio de jornal. Brasil, 1872.
Vende-se: Preta .....25 anos. Bons dentes. Com saúde.... Leva cria com três anos. |
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Não se trata de um animal. Trata-se de uma mulher, que já então (para os crentes) era filha de Deus. Chocante, não? Era a escravatura. O negro era simples mercadoria. Istou passava-se no tempo dos nossos avós. Soube do caso na entrevista que João Almeida fez hoje de manhã, na Antena Dois a Lauro Moreira, embaixador do Brasil na CPLP (não confundir com o embaixador do Brasil em Portugal).
Lauro Moreira é homem de vasta cultura, jovem com a experiência dada por 67 anos de vida e é um encanto ouvi-lo falar. É claro que o excelente jornalista que é Joaõ Moreira também ajudou. O embaixador correu mundo como acontece na profissão e é senhor de História, de Literatura, de Geografia, de Música... enfim de Cultura. Foi ele também o coordenador das comemorações dos 500 anos do descobrimento do Brasil. João Almeida acrescentou logo: é claro que "descobrimento" é politicamente incorrecto mas Lauro Moreira considerou que não senhor, descobrimento está bem o que foi foi um descobrimento dos dois lados... "eles também descobriam os Portugueses" .
O anúncio surgiu com a pergunta: "mas há racismo no Brasil?" Não - respondeu o embaixador. O que há é marginalização dos pobres. O Brasil é o segundo país do mundo com mais negros a seguir à Nigéria. E oitenta e tal por cento dos brasileiros tem pelo menos uma gota de sangue negro. A diferença é que nos Estados Unidos quem tem uma gota de sangue negro é "preto" e no Brasil quem tem uma gota de sangue branco é "branco". [link]