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2007-10-10

 

Não me digam que vem aí outra vez o lápis azul?! (1)

A prática da censura revela-se nas suas gradações difusas, indirectas, oblíquas e, por vezes, impossíveis de comprovar. Quando, por exemplo, um ministro, à saída do acontecimento encenado pela agenda governamental, afirma solenemente que apenas falará do tema que ali o levou, parecendo estar no seu pleno direito de falar do que quer falar, está igualmente a limitar um leque de questões, porventura mais embaraçosas, flagrantes e de interesse público. Induz um grau de censura que chateia os jornalistas, frustra os públicos, mas parece, simultaneamente, aceitável.
Os prosélitos costumam dizer que este governo não alcançou a maioria absoluta para agora se pôr a falar daquilo que não quer.

Como se vê, a censura, seja em que grau for, sem uma dose auxiliar de autoritarismo, corre o risco de não ser eficaz.

Porém, que dizer do caso Charrua?
E do Rodrigues dos Santos?
E da visita da polícia à sede do sindicato dos professores, na véspera da visita de José Sócrates à Covilhã?

Coincidências?

Estaremos entre os mais felizes se se vier a provar que tudo não passa de uma cabala contra o governo. Mais vale perder a razão por excesso de vigilância, do que acordar demasiado tarde para os sinais que o governo não tem sabido explicar nem conter.

Num caso ou noutro, o silêncio beneficia o infractor.

Comments:
Adorei.Bestial. Tinha pensado mesmo nisso mas n\ao me adiantei a dizer *escrever(
Merci
 
Assim mesmo é que é , texto claro e preto no branco!
Parabéns Manuel, não adianta mais dizer mais nada estou a ficar cansado....
 
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