2007-10-20
Para a frente e para a rectaguarda (5)
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"Auguro à Constituição de Abril, ao atingir a sua maturidade de 30 anos e na dinâmica da sua evolução, um longo futuro, servindo bem Portugal",
adiantando uma precisão conceptual:
"Queixam-se por vezes os governantes que a Constituição não lhes permite fazer tudo o que pretendem. Mas é também para isso mesmo que ela existe, e ainda bem"
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O DN de hoje recorda passos da intervenção do ex-Presidente da Assembleia da República, aquando da comemoração do 32º aniversário da Revolução dos Cravos. Pedro Correia e Suzete Francisco destacam as diferentes posturas dos dirigentes do PSD em peça intitulada "Mota Amaral defende texto constitucional".
Um bom exemplo do que o jornalismo pode e deve fazer em apoio de uma análise política mais substancial. Se todos os órgãos de informação o fizessem, ainda que apenas de quando em quando, o espaço de manobra da demagogia, do populismo e do incumprimento de promessas eleitorais, seria muito menor do que é.
Partido grande com vários partidos mais pequenos dentro, o PSD de Menezes não é diferente do PSD de Marques Mendes. É uma multiplicidade que não quer abandonar o frentismo de direita nem assumir as diferenças radicais que o atravessam.
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A razoabilidade cederá então o passo ao frenesi radical. E os interesses do bloco central poderão continuar a ser protegidos, com maior estabilidade, serenidade e comedimento. Com ou sem José Sócrates.
Será então a vez do PS se enxergar e dar conta de quantos pequenos partidos o seu grande partido estava a federar. Será tempo, igualmente, para aqueles que sempre afirmaram não se terem desviado um milímetro das suas posições de sempre, repararem que, de repente, ali à mão, esse outro grande partido que se dá pelo nome de PSD, voltou a estar em consonância com o que pensam e sentem.
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Entretanto, os que são por uma nova constituição, completamente liberta das marcas ideológicas de abril, podem conviver nos mesmos órgãos de direcção que aqueles que sustentam exactamente o oposto.
A questão ideológica tornou-se irrelevante.
Não podendo prometer nada de muito diferente do que faz o actual governo, o PSD visa um único objectivo, claro, simples e transparente: o regresso ao poder, a todo o custo, urgentemente.
Os barões que viraram as costas a Mendes e a Menezes, sabem que poderão, na altura própria, "devolver a credibilidade" ao PSD. Apenas quando Sócrates tiver completado o seu ciclo. Terá chegado, então, a altura de virarem as costas a José Sócrates.