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2007-11-24

 

Falar verdade a mentir (4)

A propósito da ideia de partido-empresa que as declarações recentes de Luís Filipe Menezes vieram ressuscitar, José Pacheco Pereira (*), por um lado, e Vasco Pulido Valente (**), por outro, vêm apontar, no PÚBLICO de hoje, as risíveis fragilidades desta espertalhice.
Fazem-no, porém, por metade.
Quer um, quer outro, tiveram oportunidade de se informar sobre a emergência e consolidação da "empresa" como "actor social", relegando, para segundo plano, os grupos sociais, os colectivos e o indivíduo. Cerca de dois séculos depois do surgimento desta "nova" vertente "social" da empresa, o pensamento que se auto-denomina "liberal", chocalha.
"Não façam ondas" - dizem os grandes patrões aos trabalhadores. "Olhem que se a 'empresa' soçobra, vamos todos ao fundo!"
Tem-se visto que, entre legislação facilitadora dos despedimentos e redução dos direitos dos que trabalham, as empresas continuam a fechar, a deslocalizar-se, ou, pura e simplesmente, a extinguir-se. Nessas alturas, os principais accionistas, efectuado o despedimento colectivo, vendido o que resta, põem-se a caminho de umas férias de luxo, enquanto prospectam o mercado à procura de novas oportunidades.
Tudo isso, enquanto os trabalhadores que ficaram desempregados desesperam.
O actor-empresa é, de facto, um excelente expediente para dar a impressão que "estamos todos no mesmo barco"!

Entretanto, seguindo velhas receitas, a mercantilização avança.

Agora, os partidos; depois as igrejas, a família, a procriação.

E a seguir? Que será?
______________________________________________

(*) José Pacheco Pereira, A emergência do partido empresa, PÚBLICO de 2007/11/24, pág. 45.
(**) Vasco Pulido Valente, O PSD e o "mercado eleitoral", idem, na contracapa.

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