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2007-11-24

 

Falar verdade a mentir (5)

Vasco Pulido Valente produz uma peça entre o jornalístico, a crítica literária, a análise histórica e o processo de intenção, que vem no PÚBLICO de hoje (P2) com chamada de 1ª página - O novo livro de Miguel Sousa Tavares, Rio das Flores, lido por Vasco Pulido Valente - nas páginas 6 a 9 do referido suplemento.
Vai tudo junto: a erudição histórica, a análise "estrutural" da narrativa, e a punição do autor. Evitando uma abordagem reflexiva, ensaística, disfarçando, porventura, a sua forte antipatia por MST, com alguns exemplos do que no livro merece ser destacado pela positiva, VPV lança um cerrado, inapelável e definitivo anátema contra o mais recente livro de MST.
VPV acusa os principais protagonistas da novela de MST. Demonstra que a percepção que tinham do que se passava em redor deles, nesses tempos, era desinformada, ignorante e distorcida.
Aqui levanta-se uma questão "menor": não poderão as personagens evidenciar uma visão desajustada do seu tempo? Parece-me que sim, mas VPV não deixa de cobrar por isso.
Arrumados os principais protagonistas, VPV vai-se ao narrador. Fornece uns quantos exemplos de incongruências e desconhecimentos do contexto.
Desta vez, VPV parece aproximar-se do autor. À primeira vista, o narrador tem uma relação muito próxima com o autor. Mas poder-se-á, sem mais delongas, acusar o narrador de "ser" o próprio autor?
Duvido.
Bem vistas as coisas, MST beneficiou da descarada hostilidade de VPV.
Não é possível acompanhar a polémica que, suponho, se seguirá, sem ler os dois (MST e VPV).

Se tivesse sido combinado, não resultaria melhor.


Comments:
A questão que se põe é se o MST pretende fazer ficção, mesmo com distorsão e ignorância da história, ou se pretende realmente dar-nos uma lição de história utilizando a ficção como pretexto.
Conhecendo nós o estilo do A. e sabendo também da sua irresistível propensão para nos explicar o que está a acontecer, com os seus comentários muito subjectivos e frequentemente desinformados (ele fala na TVI, por exemplo, de assuntos jurídicos com a maior leviandade, apesar de licenciado, e noutros dos quais também pouco sabe, sempre com o mesmo à vontade), é de presumir que ele nos quis dar uma licão de história usando a ficção como pretexto. Se assim não fosse, a que prósito aquele extensa biografia num romance? Acho, por isso, que a crítica de VPV, tanto no plano histórico, como no estético, é justa.
JMCPinto
 
Não leio Tavares porque sou um marginal e não tenho tempo para a literatura de massas.
O conteúdo do poste aponta para uma questão fundamental em literatura : a da identidade entre escritor e narrador. Tavares corrigiu datas no livro, O Equador, isso faz rir mesmo quem faz literarura histórica ou a lê. m Não ponho em causa o que escreve interroga é por que é que Polido Valente toma a ficção por realidade e o outro também?
Considere-se ogrande empreendimento económico de Tavares. O Brasil, Espanha Portugal e sempre o mítico Alentejo como pilares de vendas/ intriga dita romanesca e o José Rodrigues dos Santos que mude de estratégia .
Polido Valente escreveu um livro interessante de história »A revolucão e o 5 de Outubro » história e o resto são crónicas. Fugiria à verdade se dissesse que não tem um livro a puxar para oromance disse-me quem leu e é autoridade, ninguém leu , quero dizer que eu desse por isso nos jornais e revistas .
Pois è :Polido Valente beba fume enquanto é tempo e deixe lá o milho do Tavares, isso são contas dele.
o liberal
 
JMCPinto,
qualquer outra leitura (bem) informada pode fazer uma espécie de teste às densidades históricas de qualquer texto. Se não houver demasiada hostilidade pelo meio (neste caso há notoriamente), um texto de carácter reflexivo sobre outro texto traz sempre vantagens culturais.
As acusações que VPV faz aos protagonistas são demasiado bizarras. Estou a ver que o JMCPinto tb se está a inclinar "excessivamente" para um dos lados. É a paixão das polémicas portuguesas.
Estou de acordo quanto a algumas apreciações que faz relativamente à prestação de MST enquanto comentador político (na TVI e nos jornais). Porém não vejo a relevância dessa observação para o caso em apreço.

Caro "Liberal",
VPV escreveu muitos textos de grande interesse para além do que refere. Teria escrito sobre o João Franco, se o Rui Ramos não se tivesse antecipado; escreveu sobre a cultura política e os costumes do final do século XIX (Glória, p.ex.); uma breve biografia de Paiva Couceiro, etc.
Escreve bem, é acutilante e conservador.
Não deixa o milho ao Tavares, nem se aplica numa crítica mais elaborada (e equilibrada) porque confunde uma questão mal resolvida que há entre ele e o MST com uma espécie de dever centurião.
É do que estamos a precisar menos na discussão pública: autoritarismo de extracção catedrática e pesporrência.
Quanto ao resto, estamos de acordo.
 
Eu não consultei o google-amigo, não posso enumerar tanta bibliografia do Vasco Polido Valente, como o meu caro.
A si a minha vénia.
O que eu quis dizer e talvez não tivesse ficado claro, fora os considerandos de ordem de extra -literária : vendas marquetingue, nos jornais gratuitos, passando o livro por três vectores de e mercado/ lugares de ficção etc, foi o seguinte :
Tanto Vasco Polido Valente, como Miguel Sousa Tavares não têm uma visão literária do escrever literário.
Corrigir datas nos livros , encomendar dados históricos a uma historiadora, acrescentar o que disse na televisão ser o literário afastam-me dele, MST como »escritor »
Pretender fazer história a partir da ficção é enganador, falac ioso, não distingue o horizonte da história, do da parcialidade ficcional. Dizem que conta uma história, também eu podia contar uma anedota, não é isso que faz escrita literária.
Quanto ao Polido Valente tem o asco no nome como dizia Natália, e não li o seu Glória....
Prefiro Fernando Campos investiga , ficciona a partir do que vai encontrando compõe e recompõe a partir das leis do próprio romance, sublinho. Tira partido da palavra.
Há estudos interdisciplinares sobre o díalogo da história com a literatura e o escritor é um dos mais estudados. Não tenho dúvida que os escribas de que fala no poste o serão alguma vez.
Quem quer ler um ou outro , pois que o faça, sabendo pois nós que há diversos patamares de leitura. Desde o grau zero, ao segundo terceiro ,.... Sabe há uma anedota muito interessante que Eco conta: Um dia levaram um conde a um museu para que apreciasse um quadro que abordava um lugar conhecido do nobre; ele respondeu muito indignado :
_ Esta àrvore não estava ali.
com os meus cumprimentos
 
Ps- Nem sequer sabia que o livro apesentava bibliografia.
Está duplamente explicado o que digo. Se sociologigamente isso é explicado, e muito acrescenta a outros factores, já em termos literários também o é.
Um livro à procura de legitimidade , ingénuo ou a ver se colhe...
O liberal
 
Os mais curiosos sobre o conservadorismo e acutilância nas crónicas de Polido Patente podem lê-lo, no público digital de ontem .Será que podem? Estará ainda on-line? O que alora é rísivel é certo, a forma como faz também ?
Vejam e não andem a olhar aí para o céu como Soares já anda . e quanto a Asco polido patente dou-me ao luxo de transcrever, abaixo----
 
Ainda não mudei de óculos, vamos ver se tudo corre bem....
» O British Quintal está no seu esplendor de Maio. Que também não é para mim , acho que nunca foi , o esplendor de Portugal. Não sei se posso dizer como Fiama,
....ainda amo a Pátria....
mas também não posso dizer como reza a lenda do nosso Vaz,
-- ao menos morro com a Pátria ...
» Mote glosado pelo castiço Sidónio Pais, baleado na estação do Rossio , as senhoras ( minha mãe inclusa)aos chiliques
e a rasgarem hebraicamente as vestes,
Morro bem, salvem a Pátria !
OS derradeiros assomos desse patriotismo castrense e ferrabaz, tive-os , e não me arrependo durante aquele período que O VasCo
POlido Valente designa com vili pendência De PREC. Esses valores do Pai, tamborzinho sidonista , voluntarista , um pouco caceteiro , esses valores que anestesiam do medo físico .
Se é que há outro medo que não físico.
Essa coisa um pouco histérica que permite fazer milagres ou , pelo menos acreditar em milagres. Fugir para a frente . Puxar o chapeuzinho para os olhos. Seguir cego.
O desejar querer poder
Mais do que permite a força humana.
Esse ideário de forças- titãs contra o infortúnio. E a perda .
Eu acreditei de facto que isto ia ser outra coisa e servi isso com meios que me vinham da parte integrante da mesma coisa : o integralismo lusitano.
A sìndrome da Padeira e do Quinto Império»
in O Livro do Meio de Maria Velho da Costa e Armando Silva Carvalho, Caminho.
Escrevi um pouco referindo-me apenas a um dos »OXFORDINHOS«, mas há também a Mnemónica e tal é a vastidão das desmontagens pela palavra, a frase, a cultura, o lugar comum .... , que seria pena não o fazer aqui. Seria?
anónimo
 
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