2007-11-11
João Leal corrige Zita Seabra
Termina João Leal o seu artigo assim:
"Para escrever este texto falei com vários ex-militantes e ex-dirigentes da UEC, alguns deles — como eu — sem qualquer vínculo actual com o PCP. Muitos deles não tinham lido Foi Assim e foram lê-lo. Muitos deles, também, sugeriram que «a Zita» tinha escrito o livro — na parte tocante à UEC — de má fé. Não creio que seja má fé. O escritor Mário de Carvalho — numa frase particularmente feliz — escreveu uma vez que há pessoas que confundem o «Manuel Germano com o Género Humano» (cito de cor). Penso que aconteceu isso com «a Zita»: confundiu a história da sua relação com a UEC com a história da UEC. É natural. Mas é também natural que quem não se reconheça nessa história apresente as razões porque o Género Humano não se reduz ao Manuel Germano." [versão integral aqui]
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Sem me referir às opiniões políticas, quem não conhece nada do que Zita Seabra relata toma a sua narração por plausível. Quem conheça só uma pequena parte aceita que a maior parte do livro respeitará os factos. Quem conhece metade toma a outra metade por provavelmente fidedigna. Mas não há quem tenha conhecido de perto alguma parte do que Zita Seabra descreve no seu livro Foi Assim que não encontre um sem número de erros factuais e outras tantas descrições da vida da UEC e do PCP como se estas organizações girassem em torno de si. Ora nelas a notoriedade que atingiu resultou em larga medida do trabalho de outros e a ascensão no aparelho, quer da UEC quer do PCP, resultou quase sempre de avaliações (não era caso único, longe disso) onde falecia a ponderação do mérito e sobejava o favoritismo.
Estas considerações não excluem, claro está, o legítimo apreço que merece a sua renúncia a uma vida que se lhe apresentava fácil e feliz para se dedicar à luta pelos seus ideais em condições dificílimas e repletas de perigos. Estas considerações não excluem, claro está, a injusta perseguição de que foi vítima, por tentar exprimir a sua voz discordante num partido onde a liberdade de opinião existe apenas até onde não confronte as sacrossantas posições da Direcção e o seu intocável poder. Como aliás revelo pormenorizadamente no meu mais recente livro de memórias "Álvaro Cunhal e a dissidência da Terceira Via" e onde o processo da expulsão de Zita Seabra é abundantemente relatado. Com rigor.
É agora que ela está no seu lugar.
Pena é termos que lhe suportar os nebulosos flashbacks!...
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