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2008-01-14

 

A Audição ao Banco de Portugal

Não sei quem tem razão no capítulo da marcação das datas para a audição na AR, se Constâncio se o PSD.

Entendo, contudo como correcto, que a audição não se tenha efectuado antes da Assembleia de amanhã. É o mínimo de não interferência.

Estou à vontade nesta postura, até porque defendi e defendo que o Banco de Portugal, como entidade reguladora não esteve atenta aos problemas do sector, neste caso do BCP, que já vêm de há muito. E como afirmou o bastonário da ordem dos economistas, Muteira Nabo, se o BP não conhecia antes os factos, deveria conhecer, dando de algum modo a entender uma certa incúria no trabalho do BP neste domínio. Esperemos que seja apenas incúria, o que já não deixa de ser grave!

Agora que tudo isto se politizou demais, sem benefícios alguns para o sistema financeiro português, designadamente numa luta Governo/PSD, neste caso, movido por este último, não há dúvida e estamos num mundo em que políticamente tudo vale.

Há etapas possíveis. Há que apurar e rapidamente a conduta dos Administradores do BCP e a sua gravidade. Há que ponderar as penalizações e executá-las. Mas não ficar por aqui. Há também que ver e avaliar a "culpabilidade" do BP e, se houver culpa, as penalizações devidas, pois de facto o BP não sai limpo deste processo, se não for apurada tal situação e, designadamente, depois de tudo quanto se disse e escreveu que um processo em todo semelhante foi arquivado em 2004.

Comments:
Meu Caro João Abel:
Não creio que a audição do Governador do BP ou o posterior inquérito parlamentar, caso venha a ter lugar, tenham consequências relevantes. No essencial, o bloco central está de acordo: não tocar nos banqueiros, deixá-los impunes. A diferença está em que o PS se basta com a substituição dos que mandavam no BCP, por gente sua, enquanto o PSD, não querendo igualmente tocar nos banqueiros, quer tirar alguma desforra por ter ficado a perder nesta jogada. E a desforra é descredibilizar o Constâncio. Por mim, nada a opôr. Do ponto de vista deles, não sei se o resultado, uma vez alcançado o objectivo,será positivo. É que é muito difícil encontrar alguém que sirva tão bem os grandes interesses como o Constâncio. Alguém sempre disposto a explicar por que têm os trabalhadores de fazer mais e mais sacrifícios, pagar cada vez mais impostos, etc., etc. Terá o PSD alguém melhor que o Constâncio para fazer este serviço? Alguém que com aquele ar seráfico de cristão penitente seja capaz de explicar que este "vale de lágrimas", que é a vida, só tem sentido se vivida em sacrifício redentor?
 
Meu caro jm correia pinto

Estou completamente de acordo com a leitura feita. Mas gostaria que se aplicassem as leis existentes, apesar da "pouca vontade". Porvezes, o jogo do gato e do rato traz á tona factos inconvenientes. Se houve fraudes no BCP apurar os meandros e responsabilizar quem esteve no processo, cometendo as fraudes ou permitindo-as. Recorde-se que nos EUA até a empresa externa de auditoria fechou. E, depois, o BP não pode passar incólume, se houve no mínimo incúria. Reconheço, neste caso, a difuldade em apurar factos. Qual o mecanismo processual?
João abel de freitas
 
Meu Caro João Abel

Eu também gostaria que se aplicassem as leis vigentes. Quem não gostaria? Infelizmente, não tenho ilusões. Isto aqui está a meio caminho entre a Europa e a África...mais perto da África que da Europa. Queres outro exemplo: tenho andado a ler a auditoria do Tribunal de Contas ao contrato entre o Estado e a Lusoponte.É uma pouca vergonha. Uma pouca vergonha tripla:cada renegociação é pior e mais escandalosa que a anterior. Por isso, quando me falam em parcerias público-privadas, a primeira coisa que faço é segurar a carteira...
Voltarei a este tema.
Abraço
CP
 
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