2008-02-10
Telmo Correia e os Casinos
A Sociedade Estoril Sol teria de entregar ao Estado no fim da concessão do jogo o edifício onde está instalado o seu Casino de Lisboa, no Parque das Nações. Mas o Governo de Santana Lopes e o ministro do Turismo Telo Correia, já em gestão e em vésperas da tomada de posse do Governo do PS, em 17 de Fevereiro de 2005, aprovaram o decreto-lei 40/2005 que aplicado ao caso do casino de Lisboa facilitava a entrega do edifício à sociedade Estoril Sol.
É claro que mentes perturbadas e maldosas são de imediato levadas a pensar que a Sociedade Estoril-Sol e o Senhor Stanley Ho não se esquecerão deste seus amigos e que os governantes terão pensado isso mesmo.
No entanto, para que o decreto de Santana/Portas/Telmo produzisse no Casino de Lisboa os seus patrióticos efeitos era necessário um despacho de SExa o ministro do Turismo Telmo Correia.
Inocentemente, Telmo Correia na louca correria que na madrugada que antecedeu a tomada de posse de Sócrates em que assinou 300 diplomas legais, colocou, négligé e en passant, um mero visto, no papel do casino. Não disse que concordava, pôs um visto!
Posta na rua pelo Expresso esta sua governamental conduta o ex-governante e actualmente nosso representante no Parlamento desfez-se, pelas televisões, em indignadas e convincentes explicações. Ele não escreveu no papel do casino que decidia entregar o edifício ao Senhor Stanley Ho, apenas colocou um visto. E que é um visto? É que viu. Viu, pura e simplesmente viu, e a correr e com pouca luz que o sol ainda não raiava. Inocentou-se com tal sinceridade que para mim bastou.
Não bastou foi para o Expresso que veio de novo este Sábado explicar que o ex-ministro e nosso actual deputado estava perfeitamente consciente do que fazia porque nas escutas gravadas a propósito do processo Portucale está lá tudo, a saber:
Mário Assis Ferreira, administrador da Estoril-Sol comunicou a Abel Pinheiro, então dirigente do CDS, que faltava a assinatura de Telmo Correia no parecer.
Diligente, suponho, Abel Pinheiro, telefonou ao seu chefe hierárquico, Paulo Portas (7 de Março de 2005 - diz o Esxpresso) a explicar que no Parecer, Telmo não precisava de dizer que concordava, do ponto de vista legal bastava colocar "o visto". E o mesmo disse Abel Pinheiro ao ministro Nobre Guedes: basta o visto do Telmo! Disse-o também pelo fatídico telefone (nunca se devem tratar assuntos de Estado pelo telefone. É das regras.)
Depois disto tiro duas conclusões:
1) Bem andaram os deputados ao alterar o Código do Processo Penal de modo que os media só possam revelar as conversas apanhadas pelas escutas quando, para além de deixarem de estar em segredo de Justiça, tiverem a autorização dos visados.
2) Fico a recear que possa ser Telmo o tal ministro de que falava o bastonário da ordem dos advogados, Marinho Pinto, na entrevista à RTP e de quem se dizia: "Leva isso ao gajo que ele assina qualquer merda".