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2008-02-05

 

Um tiro no pé...

é a imagem que me ocorre a propósito da revisão da constituição francesa aprovada ontem pelo congresso (reunião do senado e da assembleia nacional) em Versailles. 560 parlamentares votaram a favor, 181 votaram contra e 152 abstiveram-se. Esta revisão tem como único objectivo permitir a ratificação do tratado de Lisboa pelo parlamento sem passar por outro referendo.

Serge Dassault, senador UMP da Essonne resumiu bem a mentalidade dominante numa breve declaração que pude ouvir na rádio esta manhã: "Foi um erro submeter o tratado a um referendo, os Franceses não percebem nada [da constituição], assim perdemos muito tempo". Na minha opinião há dois aspectos chocantes nesta afirmação.

  1. A campanha do referendo foi uma das mais interessantes a que assisti, votou-se na altura um texto que foi largamente difundido, não se tratava de escolher pessoas o que atenuou muito as possibilidades dos conselheiros de imagem. Muita gente leu efectivamente as partes mais polémicas do tratado o que permitiu confrontar os argumentos políticos com a realidade. Pessoalmente li o texto e os excessos da parte dedicada à economia fizeram-me passar do SIM para o NÃO. Atribuir um atestado de estupidez aos eleitores nesta matéria é chocante.
  2. A ideia subjacente de que é necessário corrigir um voto que não vai no sentido desejado pela classe política só serve para alimentar o desprezo pela política, nomeadamente a europeia, que vai avançando lentamente em França.


A posição oficial do PS é: a favor do tratado e por um segundo referendo, a indicação de voto dada aos parlamentares de se absterem não foi respeitada pela maioria dos senadores e deputados socialistas.

O caso Português é menos grave pois a constituição nunca chegou a ser submetida a referendo, no entanto, choca-me que um referendo que fazia parte das promessas do PS seja agora "esquecido".
Comments:
Mas... no PS... já não é costume... ser esquecido?... Desde... desde...
 
Viva Pedro.

O Dassault de que falas no teu post tem algo a ver com a família do grande fabricante e comerciante de material de guerra?

Por cá, de facto, as promessas deixaram de ser cumpridas com justificações apatetadas.

Como sugere o Rui Tavares numa excelente crónica que escreve no PÚBLICO, o Tratado de Lisboa arrisca-se a ser um dado "concreto" que lança na abstracção a participação democrática dos europeus.

Nesse edifício concebido pelos mais poderosos e "esclarecidos", Tony Blair (lançado e apoiado por Sarkosy) seria a cereja no topo do bolo.

Parece que querem fazer da dinâmicas democrática uma péssima abstracção.
 
Olá Manuel

Serge Dassault, 82 anos, senador da Essonne, presidente da câmara municipal de Corbeil-Essonnes é filho de Marcel Dassault o célebre industrial da aviação criador do Caravelle e do Mirage.
Serge Dassault é um dos maiores vendedores de armas da europa através da companhia Dassault Aviation. É tambem o patrão do jornal Figaro.
 
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