2008-03-05
Em leito-de-cheia (6)
[Fonte: Barómetro da Marktest, e aqui]
Até ao início da primavera do ano passado, a imagem promissora de José Sócrates era amiúde usada como "argumento". Pairava acima dos valores atingidos pelas intenções de voto no PS. O líder dispunha de maior capital de "esperança" do que o partido de onde emanava. Algumas discussões tomavam, então, um recorte patusco. Contra os protestos que se erguiam, os defensores das políticas deste governo atiravam com essa evidência avassaladora: o PS liderava em matéria de intenção de voto, e o líder subia ainda mais acima. Isso "provava" - diziam - que as pessoas compreendiam os sacrifícios que lhe eram pedidos. Em vez de dar ouvidos aos arautos da desgraça, maximalistas e radicais, o povo confiava em José Sócrates.
Depois disso a situação alterou-se.
A imagem do líder foi arrastada para baixo. O argumento, suponho, exauriu-se. E a descida do líder, acompanhando, embora, a flutuação das intenções de voto no PS, subjaz-lhe num mergulho continuado.
Sócrates e o PS parecem demorar-se, hesitando entre libertarem-se dos ministros que mais traduzem o autoritarismo e a arrogância da primeira fase do mandato, e um ajustamento das políticas, quer calendarizando mais racionalmente, quer reorientando aqui e acolá, revendo objectivos. Mas, no fundo, sabem que chegaram já à encruzilhada das grandes decisões.
As vozes dos prosélitos que, não há muito, louvaminhavam, (porque, apesar dos protestos populares, a sua imagem positiva permanecia imbatível), perderam o efeito traquilizante que pareciam ter.
Desfaz-se dos ministros que o arrastam para baixo ou vai ao fundo com eles? Encara a substituição dos ministros e a reformulação das políticas como uma "grande derrota", ou prefere, segurando uns e mantendo as outras, ser derrotado, de facto?
Com o regresso da política, as escolhas começam a simplificar-se. E aqueles que disseram (no período aclamatório) que o povo sabe muito bem o que quer, hão-de arranjar uma maneira mais esconsa de voltar a ter razão.
Só falta mesmo conhecer a nova linha argumentativa.
Depois disso a situação alterou-se.
A imagem do líder foi arrastada para baixo. O argumento, suponho, exauriu-se. E a descida do líder, acompanhando, embora, a flutuação das intenções de voto no PS, subjaz-lhe num mergulho continuado.
Sócrates e o PS parecem demorar-se, hesitando entre libertarem-se dos ministros que mais traduzem o autoritarismo e a arrogância da primeira fase do mandato, e um ajustamento das políticas, quer calendarizando mais racionalmente, quer reorientando aqui e acolá, revendo objectivos. Mas, no fundo, sabem que chegaram já à encruzilhada das grandes decisões.
As vozes dos prosélitos que, não há muito, louvaminhavam, (porque, apesar dos protestos populares, a sua imagem positiva permanecia imbatível), perderam o efeito traquilizante que pareciam ter.
Desfaz-se dos ministros que o arrastam para baixo ou vai ao fundo com eles? Encara a substituição dos ministros e a reformulação das políticas como uma "grande derrota", ou prefere, segurando uns e mantendo as outras, ser derrotado, de facto?
Com o regresso da política, as escolhas começam a simplificar-se. E aqueles que disseram (no período aclamatório) que o povo sabe muito bem o que quer, hão-de arranjar uma maneira mais esconsa de voltar a ter razão.
Só falta mesmo conhecer a nova linha argumentativa.