2008-05-13
Erros de Casting no PPD/PSD (1)
Vejamos, à vol d'oiseau, o comportamento instituconal dos líderes.
Barroso, acusado por Menezes de sulista, liberal e elitista, sai, a meio do mandato, para Presidente da Comissão Europeia; fica Pedro Santana Lopes, leviano, impetuoso e populista; o então Presidente da República, Jorge Sampaio, dissolve o Parlamento e demite o Governo; Manuela Ferreira Leite, entre outras figuras do PSD, manifesta o seu desacordo com a solução institucional (partidária e governamental) e recusa-se a participar; Cavaco Silva, - a par de muitos cavaquistas, barões, académicos e altos burocratas, - prefere que o PSD perca as eleições subsequentes; recusam-se a apoiar Santana Lopes (não fazem campanha, não autorizam a utilização das suas fotos, e deixam escapar, aqui e acolá, uma preferência, que dizem ser conjuntural, pelo PS de José Sócrates).
Não se ouve falar de Pedro Passos Coelho, que pode invocar agora as virtudes do silêncio.
O PS ganha as eleições para o Parlamento com maioria absoluta.
Cavaco Silva é eleito com mal disfarçada conivência de figuras e sectores da nova maioria, que apoiavam Soares aumentando preços, e combatiam Cavaco Silva enaltecendo-lhe as virtudes.
Entra em cena Marques Mendes que é tratado desde o início como o líder de transição. Rio não avança. Não é tempo ainda. Menezes avança, mas fica em Gaia, entregando a Santana Lopes a liderança Parlamentar. Pacheco Pereira tenta apavorar os barões advertindo-os de que se deixarem passar Menezes, ele nunca mais de lá sai ("nem à bomba" ou "só à bomba", conforme os dias). Afinal Menezes saiu com facilidade. JPP não se enganou apenas quanto às vantagens que a guerra do Iraque iria trazer para a Humanidade. Também se engana nos palpites domésticos. Os que não quiseram avançar queixam-se da liderança bicéfala. E pronto: a coisa chegou a isto. Não se divisa quem é que pode, num dia, atirar petardos ao líder em funções, e, no outro dia, clamar por respeito, contenção, paz, diálogo, razoabilidade e, sobretudo, "credibilidade".
Não cola. Ninguém acredita, nem no que está a dizer, nem no que está a ser dito.
Pedro Santana Lopes prepara-se para cobrar a falta de solidariedade dos barões e as piscadelas cúmplices a Sócrates. Manuela Ferreira Leite não vai conseguir manter a postura de Dama de Ferro e Poço de Virtudes. Foi uma das primeiras a indisciplinar-se e afastar-se quando Santana Lopes foi confirmado pelo Conselho Nacional do seu partido.
A credibilidade não se ganha com um passe discursivo, de um dia para o outro.
A candidata à Presidência do PSD afirmou ontem em Leiria (segundo despacho da LUSA), que o despautério em que vive o seu partido levou ao reforço das formações políticas à esquerda do PS (PCP e BE). O raciocínio é retorcido e imprescrutável. De acordo com ele, os apoiantes das políticas de direita, por incapacidade de mobilização e de enquadramento do PSD, estariam a passar-se para a extrema esquerda...
Lá terá de vir Pacheco Pereira, outra vez, colorir-lhe a face, e fornecer o glossário para percebermos o que ela quis dizer...
Manuela Ferreira Leite é um erro de casting.
bom... é verdade que mordem a nação mas... só lembro o 'pé da luizinha' no relato do Eça!
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