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2008-11-07

 

MADEIRA EM SARRAFOS


No Funchal é normal logo pela manhã tomar uma bica na esplanada do "Apolo". Um Café por onde todos os estudantes dos anos 60, 70 e talvez 80, se reuniam entre livros e namoricos.

Foi ali, então uma jovem adolescente, que um amigo deu a notícia de uma revolução em Lisboa. Nós não tínhamos televisão em directo e só dois dias depois vimos as imagens do MFA e dos cravos vermelhos.

Ou seja, a Madeira vive uma décalage de mudança de 48 horas. Ao fim de 34 anos significa 1632 horas, ou seja, 68 dias. Mais de dois meses. Isto sem contar com a inflação, aumento das taxas de juro, um spread altissimo e uma diferença de 1 hora (na realidade estamos noutro fuso) face à capital e que esteve em vigor durante muitos anos. Os Açores, na altura, encontravam-se a menos duas. Ou seja, enquanto era uma da manhã, em Lisboa, batia a meia-noite na Madeira e as 23 horas do dia anterior nos Açores.


Para além desta explicação, ainda temos outra. A geografia. O arquipélago encontra-se sinalizado no mapa político da Europa mas desaparece no físico integrando a costa africana.

Afinal, a Madeira está à mesma latitude de Casablanca. Nem todos podem contar com este currículo romântico. Se estivermos bem atentos chegamos a ouvir ainda os últimos acordes de "As Time Goes By". E é neste ram-ram (leia-se região autónoma da Madeira) que bebemos a tal bica no "Apolo."

E ontem houve espectáculo ali perto, meia dúzia de metros abaixo.
Às portas da Assembleia Legislativa Regional (ALR).
A bandeira da autonomia conquistada com a liberdade vive dias infelizes.

Como cidadã discordo completamente que alguém utilize símbolos nazis mesmo no sentido de contra-propaganda, mas as cenas de quase pugilato entre o deputado único do PND barrado à entrada da ALR por gorilas de uma segurança privada, contratados pela próprio parlamento, e com a PSP a ver a cena de braços cruzados, deixou-me insegura.

Mas há um Presidente da República, não há? Parece que sim. Que felicidade. Na vitrola o vinil roda.

"You must remember this, a kiss is just a kiss. A sigh is just a sigh. The fundamental things apply, as time goes by (...).




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