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2008-12-30

 

Agarrar 2009 pelos cornos


Estou farta do ano 2008. Na ilha chove como nunca. O céu cai-nos em cima da cabeça, cinzento, pesado. A humidade deverá ter atingindo uns 80 a 90%. Qualquer dia crescem fetos nos braços dos madeirenses e cogumelos nos miolos.

Nas ruas turistas encasacados e de sandálias com meias (são nórdicos, só podem ser) vagueam pelas ruas. Há folclore, bandas de música, uma aldeia com quiosques onde se vendem os produtos naturais, entretenimento para as crianças na placa central junto ao Teatro, muitas luzes, hóteis a abarrotar, supermercados cheios (comeram tudo em três dias), enfim...tudo preparado para a grande bebedeira do fogo de artifício que cai do anfiteatro deste vale profundo e largo que é o Funchal.

O mar tem a cor da terra e as ondas parecem querer engolir os mastros que surgem ao largo. Todos os anos é o mesmo. Não há como fugir. Mas pelo menos ninguém bate tampas de panela. Já não é mau.
Mas há uma saída. Um aeroporto e um avião, um porto e um barco que ruma a Portimão.

Estou preocupada com o meu país. Com a nossa vida. A aparição ontem de Cavaco Silva não ajudou em nada a regar esta grande azinheira que é Portugal. Fico angustiada quando ouço as conversas das gerações que nasceram na democracia. O chão foge-lhes por debaixo dos pés.
Das previsões, gostei sobretudo das palavras do Procurador Geral da República. Mais crime violento. Até Zandiga sabia que desemprego e exclusáo social dão gelamonite.
Mas julgo que não somos totalmente parvos. Também sabemos que a crise tem servido muita gente. Justifica tudo e mais alguma coisa, incluindo más gestões, aldrabices, corrupção, más políticas, manutenção de privilégios para alguns (leia-se corporações) e facturas pesadas para outros. E não venham com tretas porque a malta já percebeu mais do que julgam.
Acho que 2009 aterrará de mansinho carregado de promessas de todos os lados (as campanhas eleitorais são sempre assim) e faço um esforço enorme para acreditar no passo de mágica que é rasgar a última folha de um calendário.
Amanhã quando o 9 substituir o 8, juro que vou agarrá-lo pelos cornos. Dê lá por onde der.

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Comments:
Bem visto. Já há muitos madeirenses com cogumelos nos miolos. Se ainda lhe nascem mais!.
C.Santos
 
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