2009-03-12
Nacionalizar ou não nacionalizar, eis a questão
O senador republicano Lindsey Graham, o ex-presidente do Federal Reserve, Alan Greenspan*, e James Baker, segundo secretário do Tesouro do governo Ronald Reagan, são a favor. Ben Bernanke, actual presidente do Fed, e a Administração Democrata são contra. O que os divide? A nacionalização da banca.
Uma boa parte do debate é puramente semântica. Mas, por detrás das palavras, colocam-se, pelo menos, duas grandes questões. Quem vai suportar as perdas? Qual é a melhor maneira de reestruturar os bancos? Os bancos somos nós todos. O debate sempre foi conduzido como se eles pudessem ser punidos sem nenhum custo para o povo. Mas, se eles geram perdas, alguém tem que as suportar. Com efeito, a decisão tem sido a de fazer repercutir sobre os contribuintes as perdas que deveriam recair sobre os credores, uma decisão que poderemos chamar de "socialização"
A segunda grande questão consiste em determinar como reestruturar os bancos. Um ponto está claro: a recapitalização não pode provir das trocas de dívidas por acções como acontece habitualmente em caso da falência.
Esse processo deixa duas soluções: os fundos públicos ou os capitais privados. Na prática, ambas as possibilidades estão pelo menos parcialmente bloqueadas nos Estados Unidos. A primeira, pela reticência dos políticos. A segunda, por uma alargada série de incertezas - sobre a avaliação dos activos tóxicos, o futuro tratamento dos accionistas, e o futuro da economia. Isso torna a alternativa do "banco zumbi" uma saída provável. Aliás, esse tipo de bancos zumbis, descapitalizados também encontra dificuldades para reconhecer perdas ou expandir seus créditos.
Isso, então, é a socialização das perdas que poderia acabar por atribuir ao governo uma quantidade de acções dando-lhe o controlo de certos estabelecimentos, como o Citigroup.
Nestas circunstâncias, a ideia de "nacionalização" deveria ser vista como um sinónimo de "reestruturação"o que permitiria reestruturar os activos e as dívidas entre em "bons" e "maus" bancos.
Estamos dolorosamente a aprender que os megabancos mundiais são demasiado complexos para ser geridos, demasiado grandes para falhar e demasiado difíceis de reestruturar. Ninguém gostaria de "agarrar" um tal problema Mas, à medida que o mercado de acções piora os bancos devem ser resgatados de um modo sistemático e recapitalizados. Chame-se a isto de “banana”, se quiserem.
* um dos grandes responsáveis por esta crise
Etiquetas: banca, nacionalização