2009-07-23
Um partido: duas governações
A análise objectiva da realidade desta legislatura diz-nos que a causa da situação de aperto do PS no confronto com o PSD para o próximo acto eleitoral deriva de falhas de antecipação da crise e da sua dimensão e de, por consequência, de uma falta de ajustamento explícito dos termos de adaptação da governação a essa nova conjuntura. Isto independentemente do menor ou maior apreço que se tenha da governação.
Distinguindo estas duas fases bem distintas em termos de condições, o Governo de José Sócrates com méritos e deméritos entra com dois grandes objectivos: equilibrar as finanças públicas e introduzir profundas reformas em vários domínios.
Neste seu ímpeto reformista, o governo tomou uma medida de aumento de 2% do IVA discutível com o objectivo de redução do défice orçamental e abre "várias frentes" contra sectores importantes da sociedade atingindo interesses instalados. Apesar disso era notória uma aceitação pública alargada de muitas das medidas avançadas.
Com a chegada da crise, primeiro demorou algum tempo a admiti-la com a dimensão com que irrompe e depois não lhe soube dar a resposta política face ao País.
Deveria ter admitido e explicado que uma série de objectivos avançados não poderiam ser atingidos, que novas e diferentes medidas de apoio de carácter social eram importantes, anunciando algumas e, por isso, o rigor com o défice tinha de ser alterado. Eram precisas mais despesas públicas e menos receitas de impostos iriam suceder.
Faltou dizer isto nos sítios certos, inclusive levando ao Parlamento um novo programa e sobretudo explicar ao povo os novos objectivos e medidas. O Governo falhou rotundamente aqui.
No entanto, deixa a marca da inovação e das energias renováveis.
Comments:
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José Sócrates diz que "“Ainda está para nascer um primeiro-ministro que faça melhor do que eu”. Novo artigo sobre essas declarações do nosso PM e acerca das propostas do seu "amiguinho do Seixal", Samuel Cruz. Tudo no blogue O Flamingo.
Exactamente. O governo Sócrates estava formatado para a primeira fase. Como já tinha metido o pé na poça algumas vezes, por via indirecta, via alguns ministros, não soube recuperar na segunda fase. Meteu os pés pelas mãos, politicamente, com a crise. Falhou formalmente. Mas valha-nos Deus. Se Cavaco vai para o poder por entreposta pessoa,é a grande desgraça. Até por uma razão simples. Cavaco neste enquadramento seria mau primeiro ministro. Mas Ferreira tem défice de interpretação.
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