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2009-08-20

 

Calor (2)


Nas eleições que hoje decorrem no Afeganistão, o que parece estar em jogo - a escolha do Presidente e dos eleitos provinciais - cobre-se de uma névoa ideológica que se destina a ocultar, ao ocidente bem-pensante, a insanidade da imposição de um modelo eleitoral que se desfaz no ar. A cruzada militar que leva o modelo de "eleições democráticas" na ponta das armas, produz estes cenários em que, sossegadas as consciências, as coisas não se limitam a continuar na mesma: pioram!

À falta de cadernos eleitorais (não tiveram tempo de replicar o modelo eleitoral todo; ficaram pelo cenário...) os eleitores enfiam o indicador num recipiente cheio de tinta indelével, produzindo aquela imagem exótica que as televisões já tinham mostrado nas eleições do Iraque ocupado. Estaria pressuposto que a mancha de tinta só desapareceria ao fim de duas semanas, impedindo, desse modo eventuais fraudes...

Porém, apesar dessa preciosa indicação para os talibans, que se preparam para chacinar os "manchados", acusando-os de ter participado na fraude dos invasores, houve quem tivesse denunciado junto dos observadores internacionais que afinal a "tinta indelével" não resistia a um bom diluente, permitindo aos eleitores, de dedo lavado, votarem mais que uma vez.

E é assim que, dedo a dedo, mancha a mancha, a "comunidade internacional" supõe poder redimir-se das sequelas de Bush e dos neoconservadores.

O Estado "democrático" que está a ser oferecido aos afegãos ainda não conhece o nome deles. Tudo o que pode fazer é sujar-lhes as mãos e abandoná-los, nos dias seguintes, à retaliação dos talibans.



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