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2009-08-27

 

Oposição Retroactiva (2)

File:Galileo Galilei 3.jpg
Retrato de Galileo Galilei por Justus Sustermans feito em 1636.
National Maritime Museum, Greenwich, London.

O jornal PÚBLICO, de 25/08/09, celebra “Galileu Galilei. O homem que abriu uma janela para olhar o universo”, à cabeça da 1ª página, com chamada para texto de Nicolau Ferreira, nas interiores (P2, pág. 4).

400 anos depois, ainda somos capazes de falar de Galileu enaltecendo o seu indubitável contributo para a ciência e a tecnologia, omitindo as suas fraquezas e incompreensões, como se umas fizessem parte da história e as outras não.

Por coincidência, a evocação da “nova janela” conceptual que Copérnico abriu, e que foi consolidada por Tycho de Brahe e Kepler, parece ter passado, directamente, de Copérnico para Galileu, que fez a proeza de tornar o telescópio num instrumento de observação de maior alcance, apontando-o para Júpiter e registando a presença das suas luas.

A sua sobranceria relativamente a Kepler, e a consequente desvalorização de aspectos importantes da concepção do sistema heliocêntrico (as rotas elípticas, as manchas solares e as marés terrestres, por exemplo), apesar de conhecida e documentada, não cabe nestas evocações dos heróis da ciência moderna.

Há quem continue a preferir, por ocasião destas evocações rituais, afastar os protagonistas da ideia de que, a par dos feitos ilustres, cometeram erros de palmatória, o que confirma a sua humanidade, e a proximidade que têm em relação aos homens e mulheres de todos os tempos.

E é pena, porque desse modo, poderíamos aprender mais com eles, com o que aprenderam de outros e com o que não conseguiram aprender, recolhendo, assim, matéria de reflexão para as nossas próprias grandezas e misérias.

Acho que ganharíamos cultural e historicamente em colocar o enfoque na viagem das ideias e nos resultados, sem receio de beliscar os nossos heróis ao humanizar-lhes a biografia.


Comments:
aprender, aprender e aprender como acto permanente, conhecer sempre, custa mais do que uma vez... «Era uma vez...» E, vá lá também se conta um conto...
 
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