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2009-09-24

 

Desabafos e manifestos (8)



No meio da algaraviada que para aí vai acerca do que veio a tornar-se no assunto dominante da campanha eleitoral, há, apesar dos silêncios e das meias-palavras, duas ou três coisas que se dizem com uma desfaçatez tão espantosa que vale a pena coleccioná-las:

1) A divulgação de um email arrancado ilegalmente ao PÚBLICO, pelo DN, é de um jornalismo mais virtuoso que o da plantação a que o PÚBLICO se prestou. Se, nem eu, nem o leitor, formos do PS ou do PSD, como é que olhamos para a coisa? Como um ínvio lance de Belém, a que falta acrescentar algo para compreender a totalidade. Porém, para efeitos propagandísticos, logo se apressaram os animados prosélitos do costume a emitir juízos de valor e a lavrar processos de intenção. O apressamento eleitoralista impede-os de reconhecer que falta saber algo mais para podermos compreender o todo.

2) Os responsáveis pelos serviços de informação, instados por não sei quem, declararam isto e aquilo. Bom. Aqui, o leitor descontraído, não poderá deixar de sorrir. Desde quando, as "secretas", hierarquicamente dependentes e cujo negócio é gerir o fluxo de informação e contra-informação, poderiam contribuir, deste modo, para o debate democrático? Um "sim" ou um "não", vindo dessas paragens, é para ser tomado pelo seu valor facial? Parece que há quem julgue que sim...

3) O vilão Cavaco e o anjo Sócrates, (ou vice-versa) tomam-se de razões. "Impeachement", clamam uns, tentando ofuscar a constitucionalidade portuguesa com sonoridades anglo-saxónicas. "Opróbrio", soltam outros, indignados com as escapadelas de Fernando Lima na sombra de Cavaco. Esta gritaria de gentes despeitadas parece querer apagar a memória de que há, houve e, provavelmente, ainda haverá mais plantações quer dum lado, quer do outro. Sócrates teve um péssimo desempenho com a comunicação social; Cavaco nunca soube lidar com ela. Porquê, então, esta crispação contra Cavaco em palonço contraste com a inocentação de Sócrates?

Será Sócrates melhor do que Cavaco na longa lista de atropelos, condicionamentos e pressões sobre a comunicação social?

Sem paixão, sem sectarismo, sem os imperativos da agit-prop, estaríamos todos à espera da informação que falta.

Assim, há quem prefira as jogadas de antecipação.

Depois de dia 27, logo se vê...

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