2009-09-28
Deve & Haver (1)
Olhando os resultados eleitorais de ontem pelo prisma das grandes deslocações, destacam-se, em 1º lugar, a daqueles que, tendo viabilizado a maioria absoluta anterior, deixaram de confiar no PS. O entusiasmo e a crença na direcção de um PS que se anunciava como uma espécie de nova esquerda (a esquerda moderada, contra o Código Laboral de Bagão Félix, contra as injustiças fiscais, contra a desprotecção social dos mais carenciados e contra a guerra do Iraque) esboroou-se. Os que deixaram de confiar o seu voto ao PS, perceberam melhor, ao longo da legislatura, a sua verdadeira agenda e o significado daquele tique linguístico do 1º Ministro: "Manter o rumo".
Manter o rumo é, entre outras coisas, levantar as bandeiras de esquerda na oposição e fazer uma política de direita no governo; prometer não aumentar os impostos e depois aumentá-los todos.
A 2ª grande delocação foi a do PSD. Invertendo a lógica que parecia elevar-se dos resultados das eleições para o Parlamento Europeu, o PSD não conseguiu convencer o seu povo de que o "voto útil" da direita deveria ser depositado na área laranja. São inumeráveis e inenarráveis as fragilidades de que deu mostras, principalmente ao hastear um discurso público de pureza, verdade e honestidade, a par de uma prática cheia de episódios nebulosos, ligações perigosas, e elogios comprometedores. Poder-se-ia, aliás, fazer do estudo desta campanha eleitoral, um manual de más práticas, a evitar a todo o custo.
O CDS, o BE, a CDU e a abstenção, em proporções variáveis, nutriram-se destas duas maiores deslocações.
Se admitirmos, para já, que todas as forças políticas em presença, mantêm as prioridades programáticas que anunciaram na campanha, vai ser muito estimulante assistir aos debates e negociações doravante imprescindíveis ao "normal funcionamento das instituições".
Os resultados eleitorais de ontem à noite não trouxeram novidades quanto à orientação geral das forças políticas representadas no parlamento, mas alteraram completamente o simplismo despótico que o PS usou até aqui.
Quanto mais não fosse, por isso, teria valido a pena votar ontem.
Comments:
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"Os resultados eleitorais de ontem à noite não trouxeram novidades quanto à orientação geral das forças políticas representadas no parlamento, mas alteraram completamente a simplismo despótico que o PS usou até aqui."
Claro que ontem o PS teve mais votos e mais deputados do que os outros, mas perdeu a maioria absoluta e foi o único partido que perdeu votos em todos os círculos eleitorais e que perdeu deputados para todas as outras forças políticas.
Mais ainda o PS tem hoje uma representação parlamentar inferior à que teve há 14 anos atrás, no 1º governo de Guterres em 1995 e a CDU elegeu agora exactamente os mesmos 15 deputados que então elegeu. Assim o mínimo que podemos pois dizer é que a CDU está hoje onde estava há 14 anos, mas o PS hoje está pior. E se a CDU tem hoje menos dois deputados do que teve há 10 anos, em 1999, certo, certo é que PS+BE juntos também têm menos agora menos dois deputados que então tiveram.
O que - há que reconhecer! - é notável. Tanto colo e tanta cavalita dada ao júnior, para acabar tudo na mesma.
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Claro que ontem o PS teve mais votos e mais deputados do que os outros, mas perdeu a maioria absoluta e foi o único partido que perdeu votos em todos os círculos eleitorais e que perdeu deputados para todas as outras forças políticas.
Mais ainda o PS tem hoje uma representação parlamentar inferior à que teve há 14 anos atrás, no 1º governo de Guterres em 1995 e a CDU elegeu agora exactamente os mesmos 15 deputados que então elegeu. Assim o mínimo que podemos pois dizer é que a CDU está hoje onde estava há 14 anos, mas o PS hoje está pior. E se a CDU tem hoje menos dois deputados do que teve há 10 anos, em 1999, certo, certo é que PS+BE juntos também têm menos agora menos dois deputados que então tiveram.
O que - há que reconhecer! - é notável. Tanto colo e tanta cavalita dada ao júnior, para acabar tudo na mesma.
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