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2009-11-29

 

Ler e Entender (1)
























A entrevista de Mário Lino ao Weekend Económico, com grande destaque na capa (conforme ilustração em cima) merece aqui comentário por várias razões, não sendo uma das menores a que se prende com este blogue, no qual o entrevistado estava a escrever na altura em que os jornalistas lhe bateram à porta. Chuva lá fora, Stravinsky em fundo (a jornalista revela que o cd estava em modo repeat, mas não comete a inconfidência de nos dizer se sonata, se tango, se...), muita cordialidade, conversa afável e descontraída.

Em primeiro lugar ficamos a saber que no seu blogue há uns autores que estão "mais próximos do PCP" e outros que não. Imagino de quem está a falar, mas não supunha que eram tantos os autores do blogue a merecerem o rótulo de "próximos do PCP", provavelmente por estarem mais próximos da ala esquerda do PS. As classificações padecem quase sempre destas imprecisões, venha o blogger mais rigoroso que atire a primeira pedra.

Ficamos a saber que Mário Lino põe as mãos no lume por José Sócrates e que o acha pessoa de grande seriedade (feliz 1º Ministro que tais ministros teve), comparando-o ao Maradona que desorientava os oponentes por causa daquela forma "muito irritante" de fintar os adversários. São liberdades de estilo. Oxalá Sócrates não tenha de passar pelas mesmas agruras por que Maradona passou. Aliás a regra dos 10% para planificação e 90% para realização, que irmana o entrevistado a José Sócrates, ajuda a compreender a sua reincidência em matéria de concursos públicos. Visando ainda o caso dos Contentores de Alcântara, Mário Lino reflecte em voz alta:

Se eu tenho um concessionário que já cá está, que conhece aquela zona, tem lá o equipamento, e eu preciso de ampliar aquilo, o mais fácil é negociar com aquele, discutimos, chegamos a acordo...

Como se vê, seria difícil ficar mais longe do espírito concursal que é norma no uso dos dinheiros públicos. Há até quem ache inconstitucionais os actos que decorrem desta postura, mas Mário Lino, com a obstinação do costume, já passou com certeza para a fase dos 90%.

Talvez tenha faltado da parte dos entrevistadores uma pergunta que lhe desse a oportunidade de reflectir sobre eventuais erros que terá cometido e aspectos da governação menos bem conseguidos. Governar em maioria absoluta tem destas coisas: o balanço assemelha-se a uma ode triunfal, ao som de Stravinsky com a chuva a molhar Lisboa.

Além do mais, como aliás José Sócrates já oficializara, a única penitência permitida no balanço das políticas públicas do XVII Governo Constitucional é a da Cultura, onde se deveria ter investido mais.

Pois, pois...

A entrevista de Mário Lino tem evidentemente outros aspectos francamente interessantes.

Pelas razões que apontei e por outras a que virei, aconselho vivamente a sua leitura.



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