2009-11-17
Revelações (3)
Armando Vara foi escutado a falar com José Sócrates. Ah, ah! Não pode ser. Já se está a passar todas as marcas! Outra campanha negra...
Espionagem política!, - bradou o Ministro Vieira da Silva que sempre soube contrastar uma certa maciez no tom com uma grande agressividade na substância.
Espionagem política?!
O 1º Ministro não pode ser escutado nas conversas que mantém com quem quiser, por causa do segredo de Estado e etc.
Quando Armando Vara digitou o número do telemóvel de José Sócrates, o investigador à escuta, deveria imediatamente ter deixado de escutar, ter deixado de gravar, e partir do princípio que, das duas, uma: ou aquela conversa não ia ter nenhum interesse para a investigação, ou, dissesse o Sr. 1º Ministro o que dissesse, o superior entendimento acerca do significado do que dissesse, passaria sempre por uma autorização do STJ.
Como se vê, a aplicação da justiça aos poderosos acaba sempre por padecer de irregularidades formais, abordagens duvidosas e nulidades processuais.
Muitos teriam gostado de ouvir o 1º Ministro afirmar a sua inocência e disponibilidade para ajudar a esclarecer o imbróglio. Em vez disso, José Sócrates, agastado, achou que já se passou de todas as marcas.
Todas as marcas?
Todas, todas?
Deveria ter-se lembrado de que não se pode ter tudo ao mesmo tempo.