2009-12-13
VARA na JUDITE
O Manuel Correia nos seus posts aqui abaixo analisa a entrevista de Armando Vara à Judite de Sousa mas por me parecer que o faz com supina parcialidade aqui estou a argumentar para tentar perceber. Diz Manuel Correia que a entrevista representa um privilégio que tem como consequências "influenciar os magistrados...", "destruição" de provas". "Um facto que o processo trata como singularidade, ao tornar-se público, perde potencial probatório."
Mas se assim é que dizer das mil notícias, que convêm a certas agendas políticas, difundidas por todos os meios de comunicação social, durante semanas ou meses que condenam à execração pública alguém de cuja culpabilidade ou inocênciada nada se sabe e que destroem de forma irrecuperável a sua honorabilidade?
Entrevistas como esta do Vara, deveriam ser concedidas a todos os que estão nas circunstâncias dele, e se sintam caluniados, difamados e atirados às feras do circo mediático antes que algo se prove.
Concluo, ao contrário do Manuel Correia, que a entrevista ao Armando Vara e outras em iguais circuntâncias têm como consequência não o seu favorecimento e uma obstrução à justiça mas antes uma higiénica e muito parcial tentativa de neutralização do linchamento público, sem provas, a que foram sujeitos.
Eu sei que há justificadas razões para pensar que se não houvesse fugas ao "segredo de justiça" casos haveria de crimes que acabariam arquivados e sem deles nada se saber. É uma posição que questiona a Justiça que temos. Mas o que se passa com as fugas de informação politicamente orientadas e os "julgamentos populares" a que temos assistido não parece ser o caminho para o eficaz combate à corrupção mas antes o da sua sabotagem.
Isto para além de dar de barato a reflexão da Clara Ferreira Alves no programa O Eixo do Mal que observa que escutas e fugas de escutas ou outros "segredos de Justiça" lançados à rua, só acontecem para as bandas do PS (Casa Pia: com Paulo Pedroso, Ferro Rodrigues, Jaime Gama, Jorge Sampaio, Freeport: Sócrates, Face Oculta: Vara/Sócrates) e que de casos como o do BPN, Submarinos, Portucale, talvez por tocarem a partidos da direita a cuja gente, por tradição, se deve conceder o privilégio de usar para seu natural proveito os bens do país, nada transpira. Não se escutam ou não caiem na rua conversas entre Dias Loureiro e Cavaco Silva, ou entre Paulo Portas e rapazes de "boas famílias".
Sei eu se Armando Vara está totalmente culpado ou completamente inocente? Não faço a mínima ideia. Nem isso interessa para o caso em questão.
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Vara na Judite! Malíci...? Talvez, mas está bem apanhado. A ideia não é minha e está num comentário ao meu anterior post sobre este assunto.