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2010-10-20

 

Redistribuir? Vade rectro Satanás

Nos "Prós e os Contras" desta semana, Carvalho da Silva defendeu melhor distribuição da riqueza nacional ao que Mira Amaral, como todos os que sabem que isso lhes poderia diminuir os privilégios, respondeu que sim senhor, não pode estar mais de acordo mas... mas... primeiro é preciso produzir, para depois se poder distribuir.
Oh Deus, há quantas dezenas de anos não oiço eu este hipócrita argumento dos "Bons Portugueses". Um argumento que ofende a inteligência de quem o ouve. Porque não se trata de um "depois" com data marcada é um "depois" de cada vez que alguém se lembrar de colocar a questão.
E quem levanta essa subversiva parvoíce da "melhor distribuição da riqueza"? Revolucionários invejosos. Energúmenos desempregados que não querem trabalhar para receber o rendimento social de inserção, como Paulo Portas não se cansa de explicar. Ou estúpidos que não percebem que não merecem mais que 500, 1000, 2000 ou 3.000 euros euros por mês" e cobiçam quem "legitimamente" ganha 30, 50 ou 60 mil euros mensais rodeados de faustosos complementos por vezes ainda com uma "merecida" pensão de 5, 10 ou 18 mil euros obtida aos 45 ou cinquenta anos.
MA tem toda a razão em se indignar porque aquela reivindicação do Carvalho da Silva é mesmo para que se distribua melhor a partir de agora. E, de acordo com qualquer princípio de Justiça, se redistribua o que foi mal distribuído, não aceitando que o produto mal distribuído ou "roubado" se transforme em direito adquirido. Não através de porta arrombada ou assalto à carteira mas com o compassivo e legalíssimo escalão de IRS (ou IRC) à altura do esbulho feito pela clique oligárquica.
A redistribuição da riqueza nacional (vá lá num cenário benigno: igual à injusta média europeia) assenta na presunção plausível de que em Portugal, em 2010 e mesmo em anos anteriores, desde D. Afonso Henriques, se produziu alguma coisa. O que é imperioso redistribuir é essa riqueza mal distribuída (sem ir lá tanto atrás :) produzida por milhões de portugueses, esses que ganham dos 500 aos 7.000 euros e que sustentam senhores cujas fortunas são obtidas com mais valias e dividendos tratados com benevolência pelo fisco ou fugidas a ele para os paraísos fiscais, ou através de hedge founds, "produtos tóxicos"  e outras vigarices legais como pelas pensões e salários "obscenos".
Mira Amaral teve também a infelicidade de invocar a seu favor o facto, de que ninguém duvida, de que também ele é um trabalhador. O que obrigou Carvalho da Silva a lembrar que o que estava em causa não era, uns trabalharem e outros não, mas o pormenor da retribuição.
Esclareço que nada, mas absolutamente nada tenho quanto à pessoa do Sr. Mira Amaral, que merece todo o respeito e cuja capacidade profissional, qualidades e méritos são em geral reconhecidos e... confesso até, aqui, à puridade - é uma pessoa que gosto de ouvir pelos seus conhecimentos e inteligência.
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A caricatura é de Paulo Barbosa e a imagem foi roubada aqui

Comments:
O Engº Amaral estaria calado, sossegadinho com a sua pequena reforma de 16ooo€ conseguida com 2 anos de descontos (ou quase)na nossa querida CGD e despachada numa tarde contra os seis meses que o comum dos cidadão tinha na altura que esperar, devia, portanto, poupar energia para poder viver com aquela modesta pensão e deixar-se de debitar banalidades da cartilha neoliberal que aprendeu no seu famoso MBA
 
Parabéns pelo excelente texto.
A copiar para o Luminária.
 
Anónimo das 09:34, o eng Amaral que suponho que ganha qualquer coisa como presidente da Comissão Executiva do banco BIC Portugal receia que lhe possam tocar na reforma de 18.156 euros mensais que lhe é paga pelo Estado, desde 2004, quando tinha 56 anos de idade, por ter estado 18 meses na CGD, para onde foi a convite do Governo do PSD que aceitou pagar-lhe a reforma de luxo.
Caro "Luminária" Obrigado pela simpatia e a referência.
RN
 
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