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2010-11-04

 

A Grande Crise e Obama derrotam Obama

Obama sofreu a grande derrota há muito anunciada pelas sondagens. Conservou no entanto a maioria no Senado.
Aconteceu a Obama o que aconteceu a muitos outros presidentes dos EUA, perder a maioria na Câmara dos Representantes nas eleições intercalares. Afinal Obama, nisto, não fez a diferença.
Três razões explicam a derrota:
1) a grande crise global com a consequente travagem do desenvolvimento económico, o desemprego e menos dinheiro no bolso da classe média; 
2) o carácter conciliatório do cidadão Obama que pensa que as boas palavras, as palmadinhas nas costas dos republicanos ou as políticas "certas" podem convencer o adversário (na realidade o inimigo) a fazer o consenso. Leu pouco (ou mal) Marx e não entendeu bem o que é isso de interesses de classe. Parece não entender que o "certo" para a maioria dos americanos (que por sua vez nem sempre alcançam todas as consequências das políticas, vide o caso da saúde para os menos ricos) não é o "certo" para a oligarquia ou para aqueles da classe média que, por cupidez e estupidez, adoptam para si as dores daquela;
3) a grande mobilização da direita e da extrema direita do Tea Party, apoiada por dinheiro a jorros de organizações camufladas de "independentes", de "defesa da moral" ou "da cultura"  alimentadas pelas grandes fortunas, para atingir um compensador retorno financeiro através do controlo do poder político.     

É frequente o presidente eleito ver o seu partido derrotado nas eleições intercalares para o Congresso. Comportamentos opostos podem dar o mesmo bom resultado (eleitoral), depende das circunstâncias. Truman, em 1946-47, atacou o adversário para defender as suas políticas e foi reeleito. Clinton conciliou e também foi eleito. Mas Clinton tinha consigo o trunfo de a América viver um bom momento e ter nas contas do Estado um glorioso e  histórico superavit, exactamente o oposto do que Obama tem.
As grandes expectativas criadas pela sua vitória, vitória de um humanista, de um homem com um passado de integridade e acção guiada por ideais de justiça social e racial não podiam ir demasiado longe quando contava no essencial com a máquina do Partido Democrático e um grande movimento da juventude, das minorias e dos intelectuais, mas... mas... um movimento e não uma organização. 
As grandes expectativas e boas intenções assentavam em bases que em parte não tinham estrutura, cimento e comando a não ser pelo Twiter ou o Facebook. Por isso quem percebia isto sabia que, por melhor que fosse Obama, não poderia deixar de estar aprisionado nas malhas de Washington que ele prometia desfazer. 

Veremos o que faz Obama mas provavelmente seguirá, para além do que a boa táctica exija, a conciliação para além do que a prudência impôe e que lhe está nos genes. E se a economia dos EUA não der uma grande volta antes das eleições de 2012, que dificilmente dará, tem assegurada a derrota que será uma grande derrota para a América progressista.

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