2011-04-06
Mas é o abismo!... e deram o passo em frente
Ouvi o Primeiro ministro. Ouvi os representantes dos partidos que recusaram o PEC-IV e derrubaram o Governo. Todos revelaram ter razão. Mas "les facts sont têtus" mostram que, sem alternativa, terem derrotado uma solução penalizadora, o PEC - IV e derrubado o Governo, na pior altura para acorrer à dívida (mais de 4 mil milhões a pedir emprestado uns dias depois e outro tanto até Junho) não era encontrar uma solução melhor, era atirar o país para uma situação bastante pior.
Aqui chegados, confrontando a realidade anterior à vitória das oposições unidas com a situação de hoje, duas semanas depois, o balanço é dramático.
A situação era muito clara. A situação financeira, económica e social tinha-se degradado muito. Os sacrifícios que o novo PEC impunha agravavam ainda mais a situação dos portugueses das classes trabalhadoras e classes médias. Mas todos sabíam que a alternativa ao chumbo do PEC-IV e o derrube do Governo naquele momento fragilizaria muito o país e deixava-o, mais ainda, à mercê da rapina dos especuladores financeiros e dos seus batedores de caça, as agências de rathing.
Todos sabiam muito bem ao que iam. Que os sacrifícios a impor aos portugueses iam aumentar e muito.
As razões inconfessadas eram e são bem conhecidas. O PSD e CDS com a sofreguidão de "meter a mão no pote", o PCP e o BE porque estavam muito zangados com o Governo, com os mercados e com o capitalismo e acharam ser isso razão bastante para... piorar a situação.
À beira do abismo, os quatro partidos da oposição, decidiram conscientemente dar... o passo em frente.
Estamos melhor? Explicaram que a crise não surgiu no dia 24 de Março. Que a crise vinha muito de trás, etc, etc. Não disseram é que, apesar das muitas quedas já sofridas, frente ao precipício, empurraram para ele o país.
O PSD porque espera ser Governo, aplicar um PEC-IV mais "ousado" como Passos Coelho foi explicar, a correr, a Bruxelas e espera, sendo Governo, pôr em prática reformas estratégicas que dêm ao capital privado os sectores rentáveis do Estado; criar um sistema de saúde e de ensino para ricos e outro para pobres. Para já descaem-se com medidas desconexas. Subir o IVA a 25%? Fazer despedimentos massivos na função pública? Cortar o 13º mês? Legalizar contratos de trabalho verbais? Privatizar a CGD? Não se sabe ao certo. Não dizem. Não convém dizer.
O CDS porque espera voltar ao Governo pelo braço do PSD e talvez comprar mais algum submarino...
O PCP e o BE com a arrojada decisão de em breve "conversarem", esperarão talvez criar um quadro político radicalmente diferente, anti-capitalista... na Europa, suponho.
Tudo isto teve o incentivo e o gosto de uma desforra anunciada, do Presidente da República.
Comments:
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A questão, meu Caro Raimundo, é que, independentemente das vicissitudes da conjuntura, mais dia menos dia iria tudo dar no que deu, é preciso encontrar uma saída para este país, com uma História quase milenar.
E a saída não é esta: nem a que resultaria do PEC IV nem a que vai ser imposta pelo SUPERPEC.
E é nisso que a gente se tem de empenhar.
A Europa nunca foi o nosso destino, embora seja a nossa fatalidade geográfica...
E a saída não é esta: nem a que resultaria do PEC IV nem a que vai ser imposta pelo SUPERPEC.
E é nisso que a gente se tem de empenhar.
A Europa nunca foi o nosso destino, embora seja a nossa fatalidade geográfica...
Meu caro, como aqui escrevi antes, eu compreendo bem os teus constrangimentos psicológicos em relação à abertura - nem que seja uma fresta - possibilitada pela nova atitude do PCP e do BE (desde que não seja simples jogada partidária, convencional). Mas acho que toda a tua cultura e formação políticas deviam sobrepõr-se a essa reservas pessoal. Estou certo de que não levas a mal esta crítica amigável.
Olá meu caro JMCP. Os grandes objectivos políticos exigem pensamento estratégico e o correspondente planeamento de longo prazo mas isso obriga a não alienar o presente ou seja, a ignorar a conjuntura.
É simples e de certo modo uma desistência dos objectivos estratégicos a repugnância no envolvimento na "conjuntura". Não me parece ter sido acertada a atitude dos partidos à esquerda do PS em empurrar o país para uma situação pior por calculismo eleitoral, ou por raiva ou outros "valores" emocionais. A coincidência de posições entre PCP+BE e PSD+CDS leva a pensar pensar que alguém foi enganado. A situação ficou pior e vai piorar em todos os sentidos, na conjuntura e a prazo, com a agenda liberal do PSD e o superior patrocínio de Belém.
Ia tudo, a prazo, dar no mesmo? Não sabemos. E empurrar para o pior porque se julga que mesmo sem a nossa ajuda mais tarde ou mais cedo ao pior se chegará não me parece argumento muito convincente.
Por outro lado a ideia muitas vezes subjacente às decisões do PCP ou do BE do quanto melhor pior melhor já a história mais que provou que salvo raríssimas situações conjunturais, só leva a pior. Vamos voltar ao assunto daqui a 6 meses ou um ano para fazermos o balanço.
Um abraço e grato pelo teu cuidado:)
É simples e de certo modo uma desistência dos objectivos estratégicos a repugnância no envolvimento na "conjuntura". Não me parece ter sido acertada a atitude dos partidos à esquerda do PS em empurrar o país para uma situação pior por calculismo eleitoral, ou por raiva ou outros "valores" emocionais. A coincidência de posições entre PCP+BE e PSD+CDS leva a pensar pensar que alguém foi enganado. A situação ficou pior e vai piorar em todos os sentidos, na conjuntura e a prazo, com a agenda liberal do PSD e o superior patrocínio de Belém.
Ia tudo, a prazo, dar no mesmo? Não sabemos. E empurrar para o pior porque se julga que mesmo sem a nossa ajuda mais tarde ou mais cedo ao pior se chegará não me parece argumento muito convincente.
Por outro lado a ideia muitas vezes subjacente às decisões do PCP ou do BE do quanto melhor pior melhor já a história mais que provou que salvo raríssimas situações conjunturais, só leva a pior. Vamos voltar ao assunto daqui a 6 meses ou um ano para fazermos o balanço.
Um abraço e grato pelo teu cuidado:)
Meu Caro JVC é um prazer poder responder-te e ver como te dispões a perder o teu precioso tempo com os meus dislates.
Mas não só me ajudas a entender os meus constrangimentos como a entender os teus.
Quanto às conversas à esquerda de PCP e BE felicito-as mas com muito cepticismo. Como S. Tomé: ver para crer. Um abraço amigo.
Mas não só me ajudas a entender os meus constrangimentos como a entender os teus.
Quanto às conversas à esquerda de PCP e BE felicito-as mas com muito cepticismo. Como S. Tomé: ver para crer. Um abraço amigo.
Meu Caro Raimundo
Não sei é verdade, mas as TV já andam para aí a dizer que, quando negociou PEC IV, o Sócrates se comprometeu a pedir o resgate.
A minha questão não tem bem a ver com a tua resposta: eu não acredito nesta Europa nem no euro. E, independentemente da conjuntura, que ninguém pode ignorar, há que preparar o futuro por outro lado.
Porém, a forma comno se aborda a conjuntura depende muito do modo como se conta actuar a seguir...
Não sei é verdade, mas as TV já andam para aí a dizer que, quando negociou PEC IV, o Sócrates se comprometeu a pedir o resgate.
A minha questão não tem bem a ver com a tua resposta: eu não acredito nesta Europa nem no euro. E, independentemente da conjuntura, que ninguém pode ignorar, há que preparar o futuro por outro lado.
Porém, a forma comno se aborda a conjuntura depende muito do modo como se conta actuar a seguir...
O que jornais e tvs andam a dizer sobre a promessa de resgate de Sócrates já em Março é mentira descarada.
O que os parceiros comunitáros exigiram foi um plano com orientações de medidas a tomar para os próximos dois anos. O famoso PEC IV que aliás tinha de ser apresentado em Abril, todos os anos se apresenta um.
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O que os parceiros comunitáros exigiram foi um plano com orientações de medidas a tomar para os próximos dois anos. O famoso PEC IV que aliás tinha de ser apresentado em Abril, todos os anos se apresenta um.
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