2011-11-14
Merkel, Passos e Seguro
Angela Merkel está hoje em Leipzig no congresso da União da Democracia Cristã (CDU e, no meio da fixação alemã na absolutização das dívidas soberanas e dos défices, disse algumas coisas decentes acerca do Euro como:
«um projecto futurista» que necessita agora, no entanto, de ser complementado por uma união política «que mude as estruturas da União Europeia, para que haja mais Europa, e não menos Europa, e para que o euro tenha futuro».
ou
«se a Europa não estiver bem, a Alemanha não estará bem», advertindo que os europeus só serão ouvidos à escala mundial se estiverem unidos e tiverem uma moeda única forte e economias consolidadas.»
Mas lendo aqui logo se entende que a retórica decente não conduz a medidas decentes e a agenda eleitoral de Merkel que Mário Soares ontem na TV verberava, sobrepõe-se inexoravelmente às medidas indispensáveis para que a retórica não fosse apenas isso. Recusa entre outras decisões fundamentais para impedir essa onda, maior que a de 30 metros da praia Grande, que ameaça de catástrofe os países da EU: “ a mutualização das dívidas soberanas na Europa, e … a emissão de eurobonds (títulos de dívida pública de vários países do euro), alegando que «esta não é solução para um futuro razoável».
O estado a que a Europa do euro chegou não responsabiliza só o duunvirato Merkel-Sarkozi, (de facto Merkel, porque Sarkozi não passa de partenaire) como bem se sabe, mas o momento não é para apontar culpas e aplicar os castigos. Naturalmente que não se pode fugir de identificar as causas e tentar superá-las, mas quando o navio mete água o que é preciso é estancar a entrada desta e depois então que se enforquem os responsáveis.
Meter ordem em nossa casa
Mas nós portugueses, sem perder de vista o contexto ( quando PPC procurava substituir Sócrates não havia crise na Europa nem no mundo), a primeira obrigação que temos é tentar meter ordem na nossa casa. Ou seja meter o governo na ordem .
E que se passa cá por casa? Passa, que este governo é o governo que defende os interesses dos “mercados” (ou da “troica” que, por ora, é a mesma coisa) e não o governo que defende os interesses dos portugueses como aliás é hoje já voz corrente.
Não é nenhuma acusação de traição, ou de vendido ao estrangeiro ou coisa do género, ao “simpático” PPC, ou ao dr. Gaspar, técnico do BCE, é apenas no sentido de que por fé, muita fé, demasiada fé, na escola de Chicago, aquela que levou Milton Friedman ao Chile, a explicar a Pinochet, como é que a teoria se aplicava, sem olhar a chilenos, este governo está convencido que pondo a contabilidade em dia, em três tempos e a juros insuportáveis, como manda a “troica” tudo se resolverá, mesmo, no limite, dando cabo da vida dos portugueses e da economia do país.
Apontar a meta “Vamos empobrecer os portugueses”, ou convidar os desempregados a deixarem o “conforto” do seu desemprego para emigrarem, é todo um programa.
Não se trata de artificiosamente agarrar em deslizes de linguagem dos governantes e demagogicanente instrumentalizá-los. Não, não é isso, é que tais desconchavos de linguagem colam-se que nem uma luva à orientação para Portugal de um governo perigoso pela irresponsabilidade dos seus principais protagonistas e cola-se que nem uma luva também ao estilo, aos tiques e às maneiras dos principais figurantes desta comédia de pesadelo.
A nossa troica - PPC-Gaspar-Pereira – comporta-se como uma executora, perigosamente ébria de brio, da outra, da que cobra até 2013, para vigiar o governo e nos “ajudar”, 665 milhões de euros e nos obriga a pagar 35 mil milhões de euros, em juros, pela “ajuda” dos 78. O governo português tem o dever de usar todos os meios ao seu dispor para salvar Portugal e os portugueses do excesso de “cura” que o pode deixar arruinado por muitos anos.
Tem a obrigação de ser, junto de Merkel, o nosso advogado, não por causa de erros que cometemos (o âmago da questão não é de “erros” nem de gente mandriona) mas para evitar a catástrofe anunciada. Mas PPC teima em ser o bom aluno da agenda política da Srª Merkel e dos interesses especulativos, do sistema financeiro internacional.
O governo ainda só tem uns meses de vida e já está muito isolado no plano político. Só não está mais porque o PS parece comportar-se como se estivesse no governo, oferecendo a PPC um bloco central sui generis. O PS não percebe que nesta linha os eleitores não o vão distinguir do governo, ou não o vão distinguir o suficiente, para surgir como alternativa?
A abstenção do PS no OE de 2012 é um erro que os portugueses não esquecerão facilmente e o PS irá pagar pagar por isso.
«um projecto futurista» que necessita agora, no entanto, de ser complementado por uma união política «que mude as estruturas da União Europeia, para que haja mais Europa, e não menos Europa, e para que o euro tenha futuro».
ou
«se a Europa não estiver bem, a Alemanha não estará bem», advertindo que os europeus só serão ouvidos à escala mundial se estiverem unidos e tiverem uma moeda única forte e economias consolidadas.»
Mas lendo aqui logo se entende que a retórica decente não conduz a medidas decentes e a agenda eleitoral de Merkel que Mário Soares ontem na TV verberava, sobrepõe-se inexoravelmente às medidas indispensáveis para que a retórica não fosse apenas isso. Recusa entre outras decisões fundamentais para impedir essa onda, maior que a de 30 metros da praia Grande, que ameaça de catástrofe os países da EU: “ a mutualização das dívidas soberanas na Europa, e … a emissão de eurobonds (títulos de dívida pública de vários países do euro), alegando que «esta não é solução para um futuro razoável».
O estado a que a Europa do euro chegou não responsabiliza só o duunvirato Merkel-Sarkozi, (de facto Merkel, porque Sarkozi não passa de partenaire) como bem se sabe, mas o momento não é para apontar culpas e aplicar os castigos. Naturalmente que não se pode fugir de identificar as causas e tentar superá-las, mas quando o navio mete água o que é preciso é estancar a entrada desta e depois então que se enforquem os responsáveis.
Meter ordem em nossa casa
Mas nós portugueses, sem perder de vista o contexto ( quando PPC procurava substituir Sócrates não havia crise na Europa nem no mundo), a primeira obrigação que temos é tentar meter ordem na nossa casa. Ou seja meter o governo na ordem .
E que se passa cá por casa? Passa, que este governo é o governo que defende os interesses dos “mercados” (ou da “troica” que, por ora, é a mesma coisa) e não o governo que defende os interesses dos portugueses como aliás é hoje já voz corrente.
Não é nenhuma acusação de traição, ou de vendido ao estrangeiro ou coisa do género, ao “simpático” PPC, ou ao dr. Gaspar, técnico do BCE, é apenas no sentido de que por fé, muita fé, demasiada fé, na escola de Chicago, aquela que levou Milton Friedman ao Chile, a explicar a Pinochet, como é que a teoria se aplicava, sem olhar a chilenos, este governo está convencido que pondo a contabilidade em dia, em três tempos e a juros insuportáveis, como manda a “troica” tudo se resolverá, mesmo, no limite, dando cabo da vida dos portugueses e da economia do país.
Apontar a meta “Vamos empobrecer os portugueses”, ou convidar os desempregados a deixarem o “conforto” do seu desemprego para emigrarem, é todo um programa.
Não se trata de artificiosamente agarrar em deslizes de linguagem dos governantes e demagogicanente instrumentalizá-los. Não, não é isso, é que tais desconchavos de linguagem colam-se que nem uma luva à orientação para Portugal de um governo perigoso pela irresponsabilidade dos seus principais protagonistas e cola-se que nem uma luva também ao estilo, aos tiques e às maneiras dos principais figurantes desta comédia de pesadelo.
A nossa troica - PPC-Gaspar-Pereira – comporta-se como uma executora, perigosamente ébria de brio, da outra, da que cobra até 2013, para vigiar o governo e nos “ajudar”, 665 milhões de euros e nos obriga a pagar 35 mil milhões de euros, em juros, pela “ajuda” dos 78. O governo português tem o dever de usar todos os meios ao seu dispor para salvar Portugal e os portugueses do excesso de “cura” que o pode deixar arruinado por muitos anos.
Tem a obrigação de ser, junto de Merkel, o nosso advogado, não por causa de erros que cometemos (o âmago da questão não é de “erros” nem de gente mandriona) mas para evitar a catástrofe anunciada. Mas PPC teima em ser o bom aluno da agenda política da Srª Merkel e dos interesses especulativos, do sistema financeiro internacional.
O governo ainda só tem uns meses de vida e já está muito isolado no plano político. Só não está mais porque o PS parece comportar-se como se estivesse no governo, oferecendo a PPC um bloco central sui generis. O PS não percebe que nesta linha os eleitores não o vão distinguir do governo, ou não o vão distinguir o suficiente, para surgir como alternativa?
A abstenção do PS no OE de 2012 é um erro que os portugueses não esquecerão facilmente e o PS irá pagar pagar por isso.