2011-12-11
A crise do Euro transfere biliões dos países menos ricos para os mais ricos
«Enquanto os periféricos se debatem com uma subida do custo do financiamento, a Alemanha tem poupado uma fortuna com a crise.
A crise do euro desencadeou uma autêntica transferência de riqueza entre os países da moeda única... »
Enquanto de 2008/2009 para cá os juros subiram para valores incomportáveis na Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha, Itália os bancos diminuíram muito as taxas de juro que a Alemanha e a Holanda então pagavam. Assim esta situação de crise, trágica para países "mandriões" como a Grécia, Portugal, Irlanda, Itália ou Espanha é... virtuosa para a Alemanha, a Holanda e mais um ou outro país "trabalhador" do norte.
Enquanto a situação não der em fractura social e rebelião incontrolável a Alemanha não cederá em nada que possa pôr cobro à crise das dívidas soberanas. Os banqueiros, a agiotagem especuladora, agradece. Agradece à Alemanha e a crer no estudo de Luís Leitão e Luís Roque, do Diário Económico, recompensam-na não apenas com taxas de 1 ou até de 0,08% como lhe dão uma parte da rapina para que mantenha a situação até onde for possível:
«De acordo com cálculos do Diário Económico, as 136 emissões de dívida da Alemanha realizadas entre 2010 e 2011 já permitiram ao Tesouro alemão poupar 1.587 milhões de euros nos últimos dois anos e assumir uma poupança de 11.451 milhões de euros até 2041, em resultado de uma correcção de quase 40% do custo médio de financiamento da Alemanha nos mercados desde 2009. Isto significa que a crise da dívida soberana já permitiu a Berlim acumular uma poupança média de 13.038 milhões de euros, o equivalente a 159 euros por cada alemão ou 0,52% do PIB do país.
«Os ganhos que Berlim tem retirado desta crise são de tal forma significativos que, no mês passado, por duas ocasiões, o Tesouro alemão realizou duas emissões de dívida que prometem ser lendárias: a primeira foi realizada a 7 de Novembro, com a Alemanha a emitir [pedir emprestado] 3.834 milhões de euros a seis meses com um preço médio [taxa de juro] de 0,08%; e dois dias depois, a 9 de Novembro, com o Berlim a emitir 1.525 milhões de euros em obrigações a sete anos a um preço médio de -0,4%. Se na primeira emissão, de dívida de curto prazo, os investidores se predispuseram a emprestar dinheiro à Alemanha a troco de "quase nada" e até incorrendo numa perda real significativa, na segunda emissão realizaram um investimento que, garantidamente, gerará perdas anuais médias de 0,4% caso os títulos sejam levados até à maturidade. Contas semelhantes feitas pelo Ministério de Finanças holandês, para os últimos três anos de crise, incluindo 2009, indicam que os Países Baixos acumularam uma poupança de 7.400 milhões de euros com as emissões de dívida soberana realizadas neste período, em relação ao que pagou nas emissões de 2008 com características semelhantes.»
Portanto talvez seja melhor concluirmos que o braço de ferro de Merkel com a maior parte dos países da zona euro não é por "estupidez" ou inexperiência . Não está afinal rodeada de grandes especialistas!?
É dinheiro, muito dinheiro, que muda de mãos, dos países menos ricos para os mais ricos e das classes trabalhadoras e classes médias para a aristocracia do dinheiro.
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O artigo do DE, completo, está aqui e vale a pena lê-lo.
Os meus agradecimentos ao Duarte Nuno (este não tem "Dom" mas merecia :) que me levou a este artigo e a este , da Helena Garrido, no JNeg., também com muito interesse.
Comments:
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Não era expectável este movimento? Meu caro concidadão, fique sabendo que algum desse dinheiro, bastante, é de portugueses que trabalham na Alemanha, Suiça etc e que, temendo pela segurança do dinheiro que ganharam com muito esforço (não tiveram cabidela no gang do BPN), estão a levá-lo de volta. è que uma coisa é certa, os governos em Portugal nunca trataram bem a Poupança. Já imaginou o que será se se tornarem insistentes e credíveis os rumores de saída do Euro? Era bom, eu gostava de saber, que os defensores da saída explicassem qual seria a dimensão da fuga de capitais e a redistribuição que tal fuga operaria internamente. Era bom para frenar certos entusiasmos...
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