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2011-12-27

 

Para perceber o que se passa e antecipar o futuro (2)


Este gráfico mostra que o saldo da balança de bens e serviços de Portugal com o estrangeiro foi sempre negativo, desde 1953, data do início de estudo do economista Ricardo Cabral, prof da Universidade do Funchal, publicado no Anuário (XXI, Ter Opinião) da Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Por conseguinte, ano após ano Portugal “consumiu mais do que produziu” ou dito de outro modo: o dinheiro obtido com a venda de bens e serviços ao estrangeiro foi sempre inferior ao que necessitou para pagar os bens e serviços que tinha de comprar ao estrangeiro.

A dívida só não se tornou insustentável porque até meados dos 90, o saldo negativo ia sendo compensado com:

1) as remessas de dinheiro dos emigrantes
2) a entrada de fundos comunitários, a partir de meados dos anos 80;
3) as desvalorizações do escudo (a última foi em 1993) que se traduzia em reforço do valor em escudos e em percentagens do PIB das transferências unilaterais para Portugal ao mesmo tempo que diminuía o valor das transferências unilaterais para o exterior denominadas em escudos.
As sucessivas desvalorizações do escudo também tiveram como efeito valorizar a balança de rendimentos (os rendimentos dos activo possuídos no estrangeiro, denominados em moeda estrangeira que entravam, traduzidos em escudos, cresciam mais depressa que os que saíam possuídos por estrangeiros e denominados em escudos).
As desvalorizações do escudo também permitiram, no curto prazo, melhorar a balança de bens e serviços (melhorar a competitividade).

Assim, até meados da década de 90, a dívida externa foi sustentável. A partir daquela data diminuíram de modo significativo (1) as remessas dos emigrantes por efeito da estabilidade da paridade do escudo face ao marco, ao franco e à peseta e depois pela entrada no euro; a partir daquela data, diminuiu (2) a entrada de fundos europeus e desapareceram os efeitos da desvalorização do escudo com a entrada no euro.

Conclusão

O problema da dívida remete para um problema de fundo: o do saldo negativo permanente da balança de bens e serviços. O mesmo é dizer que remete para a economia e para a produtividade.

Uma solução que só é possível a médio prazo se para isso se trabalhar. Até lá para resolver o problema da crise da dívida é necessária uma solução como a do Equador. Pagar apenas a dívida “legítima”. Sendo a sua delimitação negociada e não imposta pelos credores agiotas. Há alguma margem para isso? O Equador conseguiu.

De caminho,  para moralizar os costumes e repor o estado de direito, é indispensável despojar dos roubos feitos a “geração dourada” constituida pelos membros dos governos de Cavaco Silva e outros seus amigos, a máfia do BPN, Oliveira e Costas , Dias Loureiros, Duartes Lamas  Limas e outros que “viveram e vivem acima das suas possibilidades”, roubando milhares de milhões de euros aos outros portugueses.

Tudo isto pressupõe a substituição dos atuais governantes que representam os interesses dos agiotas que nos estão a espoliar, com juros insustentáveis e a arruinar o país. Desafios que sendo difíceis não são impossíveis quando muitos portugueses tomarem consciêcia do destino que este governo nos reserva com a política que está a seguir.
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