2012-03-18
O enriquecimento de alguns é a miséria de muitos
São só 7 mas ganham mais do que 1000. Aqueles são os administradores da EDP a quem o governo obedece. Estes são os portugueses do salário mínimo, licenciados ou de poucas letras que, como às classes médias, o governo trata por cima da burra. A quem corta salários, férias, acessos à saúde e ao ensino, lança no desemprego e convida a que emigrem, reduzidos pelo governo a hodiernos servos da gleba .
Os 7 membros do Conselho de Administração da EDP receberam, o ano passado,
6 milhões e 90 mil euros.
Só o presidente da elétrica nacional, António Mexia, aquele Sr que mandou o Sr. Passos Coelho demitir o Secretário de Estado da Energia porque o estava a incomodar, auferiu 1,04 milhões de euros em remunerações em 2011. São 2.859 euros por dia o que lhe dá em dois meses e meio o que um trabalhador de salário mínimo ganharia em 40 anos de actividade. O que ganhará a minha amiga Dalila, socióloga, caixa no Pingo Doce, se não mudarmos Portugal, ou ela não mudar de emprego.
Só o presidente da elétrica nacional, António Mexia, aquele Sr que mandou o Sr. Passos Coelho demitir o Secretário de Estado da Energia porque o estava a incomodar, auferiu 1,04 milhões de euros em remunerações em 2011. São 2.859 euros por dia o que lhe dá em dois meses e meio o que um trabalhador de salário mínimo ganharia em 40 anos de actividade. O que ganhará a minha amiga Dalila, socióloga, caixa no Pingo Doce, se não mudarmos Portugal, ou ela não mudar de emprego.
Da remuneração - diz a notícia do jornal de escândalos - 712 mil euros referem-se à remuneração fixa, ou seja, ao salário. Os outros 331 mil euros respeitam à remuneração variável, isto é, a prémios por terem sido atingidos os objetivos.
Mas falta somar o prémio trianual, correspondente ao mandato, que lhe dará, por ano, mais umas centenas de milhar de euros. E falta incluir, à conta do cliente da EDP, todos os luxos associados à função.
a mesma fonte que, de acordo com o
relatório e contas, entregue à CMVM, o presidente do CA da EDP conseguiu mesmo arrecadar a
classificação de «excelente» ou «acima das expetativas» por parte do Conselho
Geral e de Supervisão, agora dirigido pelo Senhor Eduardo Catroga que ganha pelo seu trabalho de avaliar o Senhor Mexia, 45 mil euros por mês.
Que estes senhores não recusem estes salários e os achem merecidos num país em que 11% dos trabalhadores ganham o salário mínimo (485 € por mês) eu compreendo. É da natureza humana. Agora que o Governo, o Sr Passos Coelho e ciª, permita isto, é que é assunto de todos nós, que deveríamos rapidamente libertar o país de um governo que considera ser sua missão obrigar os trabalhadores e as classes médias a pagar os milhares de milhões de euros de dívidas do Estado e dos bancos. Dívidas que serviram para enriquecer uma multidão de amigos e a aristocracia do dinheiro recriada após os anos de susto da revolução de Abril.
Perguntará o leitor mas que temos nós ou o governo a ver com a remuneração destes senhores, para mais empregados de uma empresa privada? É assunto - dir-se-á - apenas entre a empresa, os seus accionistas e estes, certamente excelentes, gestores.
Temos, de facto, todos a ver com isto. Por muitas razões. Uma delas é que estes milhões são pagos por nós na conta de electricidade a uma empresa que vende o seu produto praticamente em regime de monopólio. Depois porque a EDP goza de apoios do Estado (pagos por nós através dos impostos) muito para além do que seria legítimo e justificável. Foi aliás a tentativa do Secretário de Estado da Energia de acabar com tal escândalo que levou Passos Coelho a demiti-lo.
Mas que pode, o governo fazer, sem subverter a boa ordem democrática e capitalista? Pode fazer o que fizeram os presidentes dos Estados Unidos da América, Franklim D. Roosevelt (1933-45) e Eisenhower (1953-61) na sequência da grande depressão de 29, criaram escalões de impostos no equivalente ao nosso IRS, até 80% e Eisenhower, depois, até 90% para as remunerações "obscenas" e criaram impostos sobre o património da cúpula super-milionária. Isto é, redistribuiram parte da riqueza nacional do EUA tirando aos ultramilionários parte do que tinham sugado ao mundo do trabalho e às classes médias e devolvendo àquele e a estas, parte da riqueza que eles próprios tinham criado.
Manuseando a útil e legalíssima arma dos impostos é possível, sem ofensa da ordem capitalista, reduzir um salário obsceno de 100 mil euros mensais a uns honestos e muito razoáveis 10 mil euros, por exemplo e reduzir as aristocráticas remunerações invisíveis da gentinha das "grandes famílias", uns degraus acima destes felizes gestores, que recolhem por ano muitos milhões em dividendos.
Mas Passos Coelho é um devoto da doutrina neoliberal e aplica-a com fervor, como um zeloso prosélito da religião dos mercados, redistribuindo a riqueza nacional mas agora ao contrário, tirando aos que menos têm para enriquecer mais os que mais possuem.
A pouco e pouco, demasiado lentamente para meu gosto, os eleitores perceberão o grande embuste que é esta governação do "simpático" rapaz do aparelho do PSD que subverteu o próprio PSD, conservador mas com matizes social-democratas e o transformou no partido extremista neoliberal que sofremos.
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