2012-08-15
A negação da realidade
O discurso de ontem de Passos Coelho não tem classificação possível.
Passos Coelho nega tudo o que está à vista. Ninguém acredita que a meta do défice acordada com a Tróika vá ser cumprida, salvo com recurso a medidas extraordinárias. Nem os membros do governo, embora não o possam admitir em público. Em privado, lá vão admitindo as grandes dificuldades.
Por conseguinte, o PM, para ser honesto com os portugueses, deveria ter centrado o discurso na explicação deste falhanço e em apontar soluções para vencer a crise.
Na realidade, as medidas de austeridade preconizadas por este governo já provaram que não estão a conduzir o país no sentido da superação da crise.
As pessoas um pouco mais sensíveis às questões económicas sabem que a situação da economia portuguesa é grave e está para ficar. Sabemos como vai Espanha, o maior cliente de Portugal, em que as tendências não vão no sentido da melhoria, o que ajuda a complicar a situação nacional. Conhecemos como estão a falhar as medidas tomadas na Europa exactamente porque a aposta no crescimento continua muito tímida e a crise do Euro assim continua.
As medidas anunciadas em Portugal para redução estrutural do défice não passam de panaceia como é o caso do problema das fundações, sem dúvida importante racionalizar com critério e não de forma precipitada embora em atraso face ao previsto. Continua a não se perceber porque razão a reforma de fundo não faz no aparelho do Estado privilegiando os cortes nos salários.
Sem uma política de crescimento baseada em projectos estruturantes não vamos a lado nenhum.