.comment-link {margin-left:.6em;}

2012-08-22

 

Tanto Chinfrim p'ra quê? Foram só 105 depósitos em 4 dias

Não acham estranho? Mesmo muito esquisito? A polícia, a procuradoria, os tribunais não acharam. Em quatro dias uma correria de pessoas a levar dinheiro, em notas, aos molhos, entre 10 e 12 mil euros cada um. Uma correria, em 4 dias, entre a sede do partido e o balcão do Banco Espírito Santo. 105 depósitos perfazendo 1.060.250 euros. Um milhão. Mais de um milhão de euros.
Tinha de ser menos de 12.500 euros cada remessa porque aí sim a lei diz que é esquisito tanto dinheiro em notas ou moedas e obriga a comunicar o caso às autoridades do combate à corrupção. Mas assim, até 12.499 euros mesmo que o total passe o milhão tudo bem, as autoridades ficam descansadas. Eu percebo que o banco, sendo do Espírito Santo, é uma atenuante e de certo modo deve deixar as autoridades descansadas. Mas, quem sabe, o próprio Espírito Santo pode ter um momento de distração e pronto, lá está, surge a dúvida.
Surge a dúvida a mim, que sou desconfiado, mas às autoridades não, porque sabem que as pessoas até 12.499 euros estão acima de qualquer suspeita mesmo que sejam 105 depósitos em quatro dias. Toma, toma, toma lá depósito, 26 vezes por dia, desde manhazinha. Intervalos às vezes de 1 minuto, em fila, uns atrás dos outros. Que a pressa em levar para o banco a massa que repousava, tranquila nos cofres da sede foi porque ia sair uma lei, daí a dias, que tornava suspeitos os tais 12.500 euros em papel e trocos todos juntos.
Depois, por causa de uma coisa suspeita que aconteceu no partido a PJ , que é uma polícia que às vezes gosta de meter o nariz onde não é chamada, andou a cheirar papelada lá na sede e depois, lateralmente (achei este termo interessante até me lembrei de “colateralmente”, mas podia ser demais) descobriu que os recibos dos amigos que às mijinhas tinham dada a massa, para justificar aqueles depósitos no Espírito Santo, tinham data posterior aos depósitos, e que o próprio livro de recibos cujos talões a PJ espreitou foram encomendados depois daquelas santas transferências e que, lá no partido, tiveram uma trabalheira danada para inventar 4.216 nomes de “amigos do partido” que, cada um com o seu pequeno sacrifício, perfizeram aquela massaroca do milhãozito e tal. Os pejotas até acharam graça a um dos nomes: Jacinto Leite Capelo Rego que deu, coitado, 300 euros.
Jornalista maldoso pôs logo na notícia que a transferência, absolutamente dentro da lei, ocorrera 8 meses depois de concluído o negócios dos submarinos, só para insinuar que uma coisa pudesse ter a ver com a outra.
Ele há coisas!
A notícia está aqui no Público e para o caso de ser retirada fica aqui também, O caso foi, obviamente, arquivado. Arquivado isto e a outra investigação e tudo, como deve ser em regime dito democrático mas na realidade capturado pela banca e a alta finança, se cada molhada de notas não atingir os 12.499 euros ou as pessoas forem pessoas de bem, que vão à missa ou o banco dos depósitos for do Espírito Santo.
___________________
Nota em 2014-08-29: saiu no Público de hoje a notícia do testemunho de Ana Gomes na comissão parlamentar de inquérito sobre o caso da corrupção na compra dos submarinos quando Paulo Portas era MDN e Durão Barroso 1ºM. Lembra que o ex-consul português na Alemanha, Jurgen Adolff, condenado por corrupção, pelo envolvimento nas luvas pagas a fora designado por Durão Barroso então 1ºM que com ele teve encontros então em Munique. E lembra também que, aprovada a lei de financiamento dos partidos em 2004 que proibia dádivas anónimas acima de determinado montante, Durão Barroso pediu que a lei só entrasse em vigor em 1 de Janeiro de 2005.
«A frase mais repetida por Ana Gomes foi esta: “Há alemães condenados na Alemanha por corromperem pessoas em Portugal. Em Portugal não se sabe quem são os corrompidos.” Lendo a sentença alemã, que condenou, em dois processos diferentes, o ex-cônsul e a própria Ferrostaal, bem como dois dos seus administradores, por “corrupção de titulares de cargos públicos estrangeiros”, em Portugal e na Grécia, Ana Gomes exortou os deputados portugueses para que fizessem o seu papel, perante o que considerou ser uma “justiça obstruída”.»

Comments: Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?