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2013-04-14

 

O poder e o dinheiro

Segundo o jornal de escândalos CM o Sr. Francisco Soares dos Santos, dono do Grupo Jerónimo Martins (detém 56,1%) e os seus dois filhos, atribuíram-se, na qualidade de administradores, uma remuneração mensal que foi dos 60 aos 100 mil euros cada um. São remunerações "normais" em pessoas que são os verdadeiros donos do país. Os banqueiros, administradores dos bancos, administradores dos grandes grupos económicos, Amorins, Belmiros, Motas ou os seus principais empregados, os Mexias de vários calibres, andam todos, pelo menos, pelo seu milhãozito anual. É claro que têm um conjunto de remunerações em espécie, que são necessidades da função (como é a esferográfica ou modernamente o computador para um escritor) carros de luxo, ou o seu avião, motoristas, secretárias, seguranças, passeios pelo mundo, sumptuosidades adequadas ao estatuto de "nobreza" que elevam os custos desta fidalguia para duas ou três vezes aqueles salários. Mas atenção isto não é tudo o que ganham os nossos baronetes da finança, seja eles Pingos Doces, ou Ricardos Salgados, ou Ulrichs "aguentam aguentam". O Sr Soares dos Santos, por exemplo, e de acordo com o “jornal de referência” citado, auferiu em 2012 também 104 milhões de euros em dividendos o que dá àqueles salários praticamente o estatuto de salários de miséria.
Como conseguem ganhar assim tanto? Bom, por um lado devem ser bons administradores e por outro… têm a trabalhar para eles, no caso do grupo Jerónimo Martins cerca de 70.000  trabalhadores colaboradores a maior parte dos quais, segundo os patrões, não merece mais do que o salário mínimo. Conheço uma menina que é caixa num dos Pingos Doces e que ganha 485 euros porque, naturalmente, não merece mais. “Foi para isto que andei a tirar um curso” lamenta-se ela, licenciada em História pela universidade do Minho. Para estes ganhos servem as leis que mandam fazer aos “seus” deputados para poderem “legalmente” fugir aos impostos. O Sr. FSS fugiu com a sede do Grupo para a Holanda para não pagar impostos aqui que não são tão baixos como lá. E fogem também aos impostos através dos off shores que é para isso que eles existem. E quando são apanhados como, segundo os jornais, sucedeu ao dono do BES então trazem “voluntariamente” os muitos milhões que tinham expatriado e como prémio pagam um jurozinho pequenino, quase simbólico. Estamos a falar de muitos milhões porque se se tratasse de 50 ou 100 mil euros, dum parvo qualquer, arriscava-se a ir para a cadeia.  
E estes Srs são não apenas grandes patriotas como são grandes amigos do Governo. Ou, dito de forma mais rigorosa, eles não são "amigos" do atual Governo, dos Passos e Gaspares, eles são os patrões, de facto, do Governo ainda que a relação seja muito intermediada e muito "à maneira". Não é uma relação taralhouca do calibre daquela decisão de Passos Coelho/Gaspar/Moedas com a TSU em que disseram abertamente que os descontos para a segurança social que cabia aos patrões pagarem passavam a ser pagos pelos assalariados.

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