2013-06-24
Compreender a dívida Pública
Mas em 1973, o
presidente da República de França, Pompidou, promulgou um decreto que proibia o
Governo de se financiar no Banco Central sem juros e obrigava-o a pedir emprestado aos bancos privados o dinheiro de que necessitasse,
pagando-lhe o juro correspondente.
Parece-lhe
absurdo? Realmente parece. Se o Estado pode criar o dinheiro porquê pagar um
juro à banca privada para ter esse mesmo dinheiro? Até
o povo, se soubesse, se poderia revoltar?! Os banqueiros explicaram. Explicaram
que, primeiro, o povo não necessita saber destas coisas porque os eleitores não
são especialistas em finanças e no caso de ficarem a saber logo se daria a boa
explicação:
“Em vésperas de
eleições os governos têm a tentação de criar dinheiro a mais que o necessário a
uma boa governação, provocando inflação, para mostrar obra e assim obter votos.
Tendo de pedir emprestado o dinheiro aos bancos e pagar um juro deixava de
haver esse perigo.»
Os bancos, os
acionistas dos bancos e os administradores dos bancos ( o sistema financeiro em
geral) passaram a ter uma gigantesca fonte de riqueza. Fonte de riqueza não é o
termo adequado porque nisto não há nenhuma criação de riqueza. Os banqueiros passaram a ter
um instrumento de transferência gigantesca de riqueza de quem a produz - trabalhadores manuaios ou intelectuais, cientistas, empresários - para o seu bolso. Esta e muitas outras
medidas tomadas pelos governos dominados pela ideologia neoliberal, nas últimas
três ou quatro décadas, colocaram as economias e os governos sob o controlo
crescente da alta finança especulativa. E estão a transformar a democracia numa
mascarada.
No vídeo que aqui está, informa-se que, da década de 1970 a 2010 a dívida pública da França tinha aumentado 1,348 biliões (milhões de milhões) de euros e que, sintomaticamente, os juros pagos pelo Estado à banca privada nesse mesmo período foi de 1,408 biliões de euros. O aumento brutal da dívida pública da França nestas 4 décadas foi praticamente igual aos juros pagos, neste período, pelo Estado aos banqueiros e aos accionistas dos bancos, consequência daquela lei de Pompidou. Mas, oficialmente, a explicação para a dívida soberana francesa deve ser como a que é dada para a de cá, o povo anda a viver acima das suas possibilidades.
No vídeo que aqui está, informa-se que, da década de 1970 a 2010 a dívida pública da França tinha aumentado 1,348 biliões (milhões de milhões) de euros e que, sintomaticamente, os juros pagos pelo Estado à banca privada nesse mesmo período foi de 1,408 biliões de euros. O aumento brutal da dívida pública da França nestas 4 décadas foi praticamente igual aos juros pagos, neste período, pelo Estado aos banqueiros e aos accionistas dos bancos, consequência daquela lei de Pompidou. Mas, oficialmente, a explicação para a dívida soberana francesa deve ser como a que é dada para a de cá, o povo anda a viver acima das suas possibilidades.
Os banqueiros de
todo o mundo sabem explicar muito bem estes assuntos de modo que a partir da
década de 70 do século passado a maioria dos Estados do Ocidente
adotou este procedimento. Isto é, alienou um poder fundamental do Estado que
lhe é outorgado pelo povo através de eleições e entregou-o – sem consultar os
eleitores, é claro - aos banqueiros. Governantes estúpidos? Não!! Serão recompensados.
É
também, esta, a situação na zona euro. É, aliás, o que diz o artigo 123 do Tratado de Lisboa.
Obviamente que não
podemos concluir que os bancos são "maus". Os bancos foram e são
instrumentos fundamentais, absolutamente indispensáveis ao funcionamento da
economia nacional e mundial. Deveriam era ser regulados pelo poder político e não serem eles a regular este. Afinal os banqueiros não vão a votos. Ou vão?
Nota em 2020-11-04:
Curiosamente Bernie Sanders, senador do Partido Democrático dos EUA que tentou, sem sucesso, que o seu partido o escolhesse para candidato à presidência em 2016 e em 2020 explicou "Se for eleito passa a ser o Governo dos EU a mandar em Wall Street e não o contrário" (Ver aqui)
Nota em 2020-11-04:
Curiosamente Bernie Sanders, senador do Partido Democrático dos EUA que tentou, sem sucesso, que o seu partido o escolhesse para candidato à presidência em 2016 e em 2020 explicou "Se for eleito passa a ser o Governo dos EU a mandar em Wall Street e não o contrário" (Ver aqui)