2013-07-30
Francisco José Viegas autoriza a saída do Crivelli por razões ideológicas?
Este é o quadro de Carlo Crivelli (Veneza, 1430-1495) uma obra prima de rara qualidade cuja saída do país estava interdita por lei mas que o secretário de estado Francisco José Viegas ignorando a lei fez o favor ao empresário Miguel Pais do Amaral de permitir a sua venda para o estrangeiro.
Era uma venda aliciante, 3 milhões de euros, mas quem vendeu a obra a Pais do Amaral sente-se lesado porque lhe vendeu a obra por baixo preço porque o anterior secretário de estado, Elísio Summavielle, de acordo com a lei, não autorizou a sua venda para o estrangeiro.
"Durante largas décadas, a pintura renascentista Virgem com o Menino, de Carlo Crivelli, esteve na família do político e escritor açoriano Caetano Andrade de Albuquerque Bettencourt. E chegou ao século XXI nas mãos de dez herdeiros, que dizem ao PÚBLICO ter tentado há cinco anos que o Estado comprasse esta obra protegida e impedida de sair de Portugal. O Estado terá declinado a proposta e rejeitado a desproteção da peça."
Chamado a audição na AR, Francisco José Viegas, defendeu-se mal. Apoiou a sua decisão no n.º 1 do artigo 55.º da Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro mas omitindo o nº 2 que expressamente o inibia de tal decisão.
Mas para surpresa de muitos (a gente do governo e ciª está de acordo, obviamente) Viegas invocou a seu favor um inacreditável argumento ideológico":
“Há aqui também uma questão ideológica óbvia e que eu não escondo”, disse,
referindo-se à circunstância de, em seu entender, a proteção do património não
dever sobrepor-se ao direito à propriedade privada." (a citação reporta ao link anterior). Viegas sabia que, tendo em conta o Governo a que pertencia, colocar a sua "ideologia" à frente da lei era mais que natural era a prática recomendada.
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Crivelli pintou a maior parte das suas obras em Ascona e Ascoli e a técnica usada a têmpora e não a pintura a óleo. Os temas da sua pintura são temas religiosos resultado das encomendas quase exclusivamente de ordens religiosas, como foi o caso de A Virgem com o Menino, Santo Emídio, São Sebastião, São Roque, São Francisco de Assis e o Beato Tiago da Marca" (1487).
Mais quadros da época aqui .
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