2013-08-24
Do preservativo do velho regime aos "briefings" (suspensos) do actual regime de Passos/Portas
Num estudo "Os Segredos da Censura", publicado em 1996, César Príncipe, ilustre jornalista e escritor, apelidou este aparelho de repressão fascista, muito "burilado" por Salazar desde o início do Estado Novo, de "preservativo do regime". É uma designação feliz e de grande humor. Na realidade, como bem refere Irene Pimentel, num ensaio sobre a censura integrado na obra "Vítimas de Salazar", com a censura pretendeu Salazar "fazer de Portugal um país de ficção".
Mas Salazar não se contentou em criar este aparelho de censura prévia. Foi mais além, defendeu a criação de um "gabinete" de informações, uns briefings "escritos", a que os jornalistas poderiam recorrer para melhor desempenho das suas funções de informação. A criação deste gabinete não substituía a censura prévia, complementava-a com uma função de cariz mais ideológico, combate de ideias na defesa do corporativismo como sistema e ataque às ideias de teor marxista.
Se raciocinarmos um pouco não há assim tanta diferença entre os briefings de Lomba/Maduro em termos de objectivos e aqueles que faziam animar Salazar, dar uma imagem virtual do país, onde tudo corre para um futuro risonho.
Ainda ontem o deputado do PSD, Duarte pacheco sobre o descalabro das contas públicas dizia que tudo vai no sentido do programado pelo governo quando a execução orçamental foi um buraco e dos grandes. Só os impostos de confisco aos rendimentos das pessoas aumentam e os impostos resultantes da actividade económica como o IVA caem fortemente e a dívida pública se afunda. Os briefings, embora de má memória para o governo porque só deitaram abaixo ministros e secretários de estado ou então aprofundaram a crise entre PSD e CDS tinham esses objectivos: "dourar a pílula" da situação de Portugal, um Portugal que não existe.