2013-09-27
Neoliberalismo ou como ajudar os multimilionários
Estas imagens da revista Visão (17 a
25 de Set 2013) oferecem-nos informação interessante ainda que não nova,
relacionada com a crise atual em Portugal e no mundo. Também aí se informava
que em Dezembro de 2009 244 mil milhões
de dólares da dívida portuguesa estava na posse de bancos europeus,
especialmente alemães e franceses. A intervenção da "Troica" permitiu
entretanto que a banca e fundos privados, particularmente estrangeiros,
transferissem esta dívida para o BCE e até para o Fundo Nacional de Pensões
português, pondo a salvo a alta finança privada, receosa da incapacidade de
pagamento da dívida pelo Estado português. Agora um eventual perdão da dívida
(que muitos e avisados economistas nacionais e estrangeiros consideram
inevitável) faria recair parte da "despesa" não sobre a banca privada
que já levou os juros agiotas mas sobre o contribuinte e até sobre o dinheiro
das pensões nacionais.--------------------------------------------------------- ---------------------------------Este 1º quadro mostra
que a política de austeridade e de empobrecimento da maioria dos portugueses
não serviu para diminuir a dívida pública pois ela cresceu e muito mas serve as
grandes fortunas ligadas ao capital financeiro e às grandes empresas que ele
controla. É por isso que a "tróica" afirma que a sua política está a
ser um êxito. E assim é para os interesses dos agiotas que não para a
esmagadora maioria dos portugueses. Esta constatação por parte da
"tróica" e do governo de Passos Coelho, postergado a seus pés, parece
absurda mas não é. O que se passa é que os seus interesses, os da alta finança,
são opostos aos dos trabalhadores e aos das classes médias e por conseguinte o
que para nós é mau é por aqueles avaliado, justamente, como bom. O atual
governo ainda que eleito por nós é, de facto o governo dos "mercados"
a quem procura mostrar-se diligente na ultrapassagem das suas metas, no
"castigo" a dar aos "vassalos" portugueses.
.
Os quadros ilustram também como Portugal divergiu da Europa no crescimento da economia. (Fontes indicadas pela Visão: Banco Mundial, BIS, Bloomberg,...). [ Um clique amplia as imagens.]
A 1ª imagem sobre a
"alavancagem" do banco inglês Barclay´s diz-nos como, na ausência de
regulação por parte do Estado, o banco por cada libra ou euro do seu dinheiro
(capital social e outros bens seus, mais os depósitos dos clientes ) emprestava
(e ganhava o respetivo juro) 61,3 vezes mais dinheiro do que aquele que de uma
forma ou de outra possuía ou podia dispor. Dinheiro que na realidade não
existia e ultrapassava muito o que a própria legislação bancária (posta ao
serviço do sistema financeiro) permite . Alavancagem da alavancagem!
A 2ª imagem ilustra como entre 1980 e
2007, 0,1% dos norte-americanos mais ricos multiplicaram por 7 as suas
imensas fortunas aumentando brutalmente o fosso entre os
multimilionários e os mais pobres e as classes médias. Qual o segredo? A
política de desregulamentação do sistemas financeiro (os bancos, fundos, etc.)
posta em prática por Reagan e Thatcher de acordo com o neoliberalismo.
Esta política fez regressar a sociedade norte-americana a uma desigualdade
nunca vista desde os anos 30 do século passado. Orientações que vieram
contrariar as políticas de Franklin D. Roosevelt e outros presidentes que se
lhe seguiram e que criaram a classe média norte-americana. Para isso criou
nomeadamente escalões de impostos (IRS) para os muito elevados rendimentos que
chegaram a 70% e até a 90% na presidência de Eisenhower (in Paul
Krugman "A Consciência de um Liberal pág. 256 Ed. Presença).
As políticas neoliberais e de rédea
solta ao sistema financeiro nos EUA como em Portugal e muito especialmente com
o atual governo, conduz à concentração da riqueza numa restritíssima minoria à
custa do empobrecimento das classes médias e dos trabalhadores.