2014-08-25
Mais de 96 ex-governantes deram em banqueiros!
São 96 os
nomes apurados, num total maior, que deixou de fora os seis bancos encerrados
entretanto, de ex- governantes que, após cessarem funções governativas , durante
o regime democrático, “viraram” banqueiros.
Terão andado
nos governos a aprender a ser banqueiros em vez de bem governar o país, como
era suposto?
Estou a
lembrar-me do caso recente do ex-ministro da Defesa e depois dos Negócios Estrangeiros,
Luís Amado, que, terminada a sua missão patriótica no governo logo arranjou
emprego no BANIF, como presidente do conselho de administração. É
função melhor remunerada do que ministro. É, se se incluir prémios e extras, acima de 100 mil euros por mês. Também recentemente, em Março deste ano, o seu amigo Jaime Gama arranjou
emprego como presidente do CA do… BES Açores.
Mas a maioria
de ex-ministros ou secretários de Estado que deram em banqueiros são do PSD, 53
dos 96, mais uns quantos “ independentes” em governos do PSD ou PSD/CDS; 30 são do PS e 5 do CDS. Só os governos de
Cavaco Silva deram 30 banqueiros!
“O campeão é Rui Machete,
actual ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, que ocupou cargos em
seis bancos diferentes ao longo da sua carreira, também muito preenchida
politicamente (foi ministro em dois Governos Constitucionais e um Governo
Provisório). Depois surgem vários governantes com posições em três bancos
diferentes: Alexandre Vaz Pinto, Almerindo Marques, António Nogueira Leite,
Carlos Tavares, Luís Alves Monteiro e Luís Mira Amaral."
Também o
Expresso, a 17 de Julho, noticiou que 25 ex- governantes, tinham ligações a
empresas do GES (Grupo Espírito Santo)
Os bancos, a
alta finança, dominam a política, os governos e as nossas vidas sem precisarem
de ir a votos.
Mas não
devemos generalizar. Político não é sinónimo
de corrupto, vendido ou agente dos multimilionários donos dos bancos. Ainda que alguns se esforcem por dar má fama à
função. Os políticos são pessoas como nós. Umas são corruptas outras não, umas
tem coragem de virar costas aos seus cargos quando percebem que não conseguem
alterar os “esquemas” outras resignam-se.
E há muitos políticos que são pessoas íntegras. Estou convencido que constituem
a grande maioria. Nem é necessário ser-se um Mugica, presidente do Uruguai ou
um Manuel de Arriaga, primeiro presidente da República de Portugal que comprou com
o seu dinheiro o carro para as funções de presidente da República e decidiu
pagar uma renda quando se mudou para uma parte pequenina das instalações do
palácio de Belém. Eanes, por ex.,
renunciou a muito dinheiro ao não aceitar os retroativos a que tinha direito na
sua carreira militar.
Não devemos cair
na esparrela de considerar que político é sinónimo de corrupto ou pessoa sem princípios porque
esse é o caminho que, em geral, nos aponta quem nos desejaria impingir um ditador disfarçado de “não
político”.