2014-09-03
A política aventureira da União Europeia na Ucrânia
Vamos brincar às guerras junto ao paiol nuclear da Rússia? Vamos!
Em 24
de Agosto os ucranianos de Donetsk que não reconhecem o governo de Kiev e
combatem o exército ucraniano e grupos militarizados do “Sector Direita” (que
se autointitula nazi), enviados para os submeter, venceram uma batalha local e
fizeram prisioneiros 80 combatentes que
de mãos atadas foram mostrados à multidão da cidade.
Foi um acto reprovável,
muito noticiado nos nossos "media" para revelar a barbaridade dos
ucranianos de origem russa e pró-federação da Ucrânia. Mas ignoram outros factos como este: em 2 de Maio, na cidade de Odessa, na
sequência de um jogo de futebol, grupos armados do “Sector Direita” vindos de
Kiev, cercaram um grupo de manifestantes contra o governo que fugiram para o
edifício da central sindical, ali próximo.
Os “patriotas” do Sector Direita que têm a simpatia e apoio dos
EUA, e da UE rodearam o edifício fecharam-no e incendiaram-no com granadas incendiárias
e um gás asfixiante. Morreram 46 pessoas
ficaram feridas 200. As pessoas que se atiravam para a rua de janelas do 2º, 3º
e 4º andar e que não morriam com a queda eram mortas a tiro ou à paulada. Viram
a notícia nos nossos media? Apareceu camuflada, assim: “a situação se agravou na
semana passada, quando os ativistas pró-Rússia começaram a se rebelar em
Odessa, cidade no sul ucraniano, onde 40 pessoas morreram em um incêndio em um
prédio tomado por manifestantes na última sexta.”
A política
dos EUA e da UE para a Ucrânia é uma política aventureira e repleta de perigos.
Incitaram e ajudaram a derrubar um presidente e governo eleitos, havia pouco mais
de um ano, com arruaças e grupos terroristas em Kiev. Um dos principais grupos
terroristas era o “Sector Direita” que após o derrube do presidente da república ocupou um grande
edifício oficial, no centro de Kiev e para que não houvesse dúvidas pintou a
cruz suástica a toda a altura da fachada do prédio. Tiveram direito a vários
ministros.
Há uma
campanha de mentiras e de intoxicação da comunicação social na Europa e nos EUA
que procura ocultar o que se passa na Ucrânia e procura arregimentar os
eleitores para uma politica belicista muito perigosa.
Há exceções, é claro.
Como esta, por exemplo, no Público de ontem:
No dia 11 de Agosto (2014), o
correspondente em Moscovo do jornal britânico The Telegraph, Tom Parfitt, falou com alguns dos homens do Batalhão de Azov,
que estavam nessa altura estacionados na pequena cidade de Urzuf, cerca de 40
quilómetros a Oeste de Mariupol.
«Tal
como dezenas de outros grupos de voluntários de extrema direita, o Batalhão de Azov serve
para colmatar as lacunas do Exército da Ucrânia – muitos deles estiveram na
Praça da Independência em Kiev, durante os protestos contra o antigo Presidente
ucraniano Viktor Ianukovich e foram depois lutar contra os separatistas
pró-russos para manterem a unidade do território da Ucrânia.
«O
Batalhão de Azov é conhecido por ser um dos mais ferozes. O seu fundador e
comandante é Andri Biletski, também líder da formação ultranacionalista
Assembleia Nacional Social. A sua ideologia ficou patente num comentário citado
pelo jornal britânico: "A missão histórica da nossa nação neste momento
crucial é liderar as raças brancas do mundo numa cruzada final pela sua
sobrevivência. Uma cruzada contra os sub-humanos liderados por semitas."
«Por
enquanto, o músculo do Batalhão de Azov satisfaz os seus ideais neonazis e a
luta pela integridade territorial da Ucrânia, mas o discurso dos seus líderes
aponta para uma coexistência nada pacífica com a União Europeia depois do fim
do conflito no Leste do país.
«Num texto publicado no site da Assembleia Nacional Social (liderada pelo
comandante do Batalhão de Azov), e citado pela AFP, fala-se em "erradicar
perigosos vírus", numa referência que se pode ajustar a muitos dos líderes
ocidentais que apoiam actualmente o Governo de Kiev: "Infelizmente, entre
o povo ucraniano de hoje há muitos 'russos' (pela sua mentalidade, não pelo seu
sangue), 'judeus', 'americanos', 'europeus' (da União Europeia
liberal-democrata), 'árabes', 'chineses' e por aí em diante, mas não há muitos
especificamente ucranianos.»
Aos EUA não
serviu de nada a lição da Al-Qaeda que atacou as Torres Gémeas no" 11 de Setembro", grupo que, juntamente com os seus aliados
talibãs, foram pagos, armados e instruídos por uma coligação “virtuosa”: EUA/(instrutores) /Arábia Saudita (dinheiro) e
Paquistão (bases militares). Mas agora a confrontação é com a Rússia e há armas
nucleares. E a UE que só tem a perder com a aventura vai, alegremente, a reboque da política aventureira do Pentágono.
Etiquetas: batalhão Azov, Donetsk, Mariupol, Odessa, Sector Direita, Ucrânia