2015-05-09
A 2ª Guerra Mundial terminou hoje, há 70 anos
A 2ª GUERRA MUNDIAL
1939 - 1945
(uma breve anotação)
A RENDIÇÃO DA ALEMANHA NAZI
No dia 8 de Maio de 1945, faz agora 70 anos, chegaram à
antiga Escola de Engenharia Militar alemã, em Karlshorst, nos subúrbios de
Berlim, os representantes das forças armadas aliados e das forças armadas
alemãs para estas assinarem perante aquelas a capitulação da Alemanha na guerra
mais monstruosa que a humanidade conhecera, a 2ª Guerra Mundial (1939-1945)
O marechal Zhukov representou o comando suprema soviético, o
marechal da força aérea Tedder o da
Inglaterra, o general Carl Spaatz, o dos Estados Unidos e Lattre de Tassygni o
de França. Em representação das forças armadas da Alemanha entrou na sala
depois de aberta a sessão por Zhukov, o marechal de campo Keitel, o almirante FrIedeburg
e o coronel general da Força Aérea Stumpf que vieram assinar a rendição completa
e sem condições da Alemanha em representação de Doenitz que assumira as funções
de chefe de Estado após o suicídio de Hitler, no dia 2 de Maio. Dia em que
também se suicidaram Goebbels e a sua mulher depois de matarem os seus seis filhos,
crianças entre os 4 e os 13 anos.
Parece ter ficado combinado fazer o anúncio do fim da Guerra
a 9 mas a notícia foi posta a correr
em 8 e os aliados ocidentais festejam a 8 de Maio e os Soviéticos e agora os russos a 9.
em 8 e os aliados ocidentais festejam a 8 de Maio e os Soviéticos e agora os russos a 9.
O certo é que ao contrário das forças nazis que restavam em
ordem de combate se foram rendendo nos dias seguintes o mesmo não aconteceu com
uma importante concentração de forças alemãs, na Checoslováquia que não se
quis render e teve de ser vencida pelo Exército Vermelho, a 9, para a libertação de Praga. Também há quem
radique neste facto a razão de 9 em vez de 8, como dia dos festejos em Moscovo.
Os nazis pretendiam render-se apenas aos Aliados ocidentais
(EUA, Inglaterra e França) e não à URSS e por isso o coronel-general Jodl, um
dos mais próximos colaboradores de Hitler, em representação pessoal de Doenitz
foi ao quartel-general de Reims, em França, entabular negociações e fazer a
rendição a Eisenhower o que não foi aceite.
O CONTEXTO DO INICÍO DA GUERRA
Em meados dos anos 30 do século XX a Alemanha suplantou no
plano económico a França e a Inglaterra mercê da grande ajuda financeira
prestada pela França, a Inglaterra e especialmente os EUA na sequência da
derrota da Alemanha na Grande Guerra de 1914-18.
No plano mundial o maior confronto político e ideológico era
entre a União Soviética comunista e o mundo capitalista na sequência da tentativa
falhada da invasão da Rússia após 1918, por exércitos de 14 países para derrotar
os comunistas que avançavam na bolchevização do país com a coletivização da
agricultura e a nacionalização da economia.
Com Hitler e a militarização acelerada do país a URSS
esperava que mais tarde ou mais cedo a Alemanha a atacaria. Perante as
conquistas alemãs da Áustria e da Checoslováquia a França, a Grã-Bretanha e os
EUA começavam a temer o poderio germânico mas a posição estratégica
prevalecente era a de se manterem neutrais militarmente ainda que contra o
expansionismo hitleriano no plano político para ver se Hitler se contentava por
aí. Entretanto recusavam propostas de Moscovo de aliança contra os nazis antes
que fosse tarde demais. Mas a Ocidente por um lado até agradeciam que Hitler invadisse
a URSS e acabasse com o comunismo de Moscovo que eles não conseguiram em tempos
liquidar mas por outro lado temiam o poder crescente da Alemanha.
Em Outubro de 1936 Hitler firmou com Mussolini o Eixo Berlim-Roma
e em Novembro estabeleceu com o Japão, que se tornara uma grande potência
militarista, o pacto anti-comintern (movimento comunista internacional). Em
1937 a Itália aderiu a este pacto que tinha uma cláusula secreta contra a União
Soviética.
Em 1935 a Itália conquista a Etiópia e em 1936, com a Alemanha,
intervê em Espanha ajudando Franco a derrotar a República Espanhola (Guernica).
O Japão pelo seu lado ampliava a invasão da China para a sua conquista.
Em Março de 1938 Hitler invadiu a Áustria e incorporou-a na
Alemanha e no fim desse ano a França e Inglaterra, com a aquiescência
norte-americana, firmam com Hitler o célebre acordo de Munique (a “capitulação”
de Munique) aceitando que a Alemanha anexe parte da Checoslováquia, os Sudetas.
Mas em 15 de Março de 1939 o exército alemão ataca Praga e submete todo o país.
O Eixo Berlim-Roma prosseguiu a sua ofensiva. A Alemanha nos
Bálticos, a Itália invade a Albânia (Abril de 1939).
O INICIO DA GUERRA - FRENTE LESTE
Em 1 de Setembro de 1939 a Alemanha invade a Polónia e esta
é a data do início da 2ª GM.
Para a conquista da Áustria os nazis montaram uma farsa. Um
grupo fascista, articulado com a Alemanha tenta um golpe em Viena. Em Berlim é
anunciada uma insurreição comunista e para salvar a Áustria do comunismo Hitler
anexou o país. Sentindo necessidade de uma boa desculpa para a invasão da
Polónia os nazis enviaram para o outro lada da fronteira uns alemães com fardas
do exército polaco que dispararam uns tiros para o lado da Alemanha de modo que
a invasão da Polónia por Hitler foi uma “legítima resposta defensiva”.
Aos tiros de umas espingardas “polacas” que não atingiram ninguém
seguiu-se uma resposta “equilibrada”: 5 exércitos compostos por 65 divisões e
brigadas, 2000 aviões, 2.800 tanques, 100 navios de guerra invadiram a Polónia.
Em 3 de Setembro de 1939 a França e a Inglaterra declararam
guerra à Alemanha mas só uns anos depois a declaração platónica se traduziu em combates
militares.
A chamada guerra relâmpago nazi que se fazia agora à
velocidade dos milhares de carros de combate em vez das penosas marchas a pé da
infantaria da Grande Guerra (1914-18) desenvolveu-se em três eixos, Norte,
Centro e Sul e chegou às portas de Moscovo em Setembro/Outubro de 1941, às
cercanias de Leninegrado (actual S. Petersburgo) no início de Setembro de 1941 e entrou em Estalinegrado, hoje Volgogrado, um ano depois, em Setembro de 1942,
na rota do petróleo do sul soviético, no Azerbaijão, no Cáucaso.
A BATALHA DE MOSCOVO
Para o assalto, sem sucesso, a Moscovo, de 30 de Setembro a
3 de Dezembro de 1941, as forças alemãs reuniram mais de um milhão de
combatentes em 3 agrupamentos de exércitos, cerca de 14.000 canhões, 1700 carros
de combate e 950 aviões. A contra-ofensiva do Exército Vermelho dá-se a partir
de 5 de Dezembro de 1941.
CERCO DE LENINEGRADO
A tentativa de assalto dos exércitos nazis a Leninegrado
fracassou mas a segunda ou primeira mais importante cidade da Rússia ficou bloqueada
pelas forças alemãs a partir de 9 de
Setembro de 1941 até Janeiro de 1943, quando começou, aqui, a ofensiva soviética.
A 2ª GM foi palco dos maiores combates jamais vistos e de
massacres de muitos milhões de soldados e especialmente de civis. Depois do assassinato
metódico, a frio de crianças e bébés, homens e mulheres dos campos de
concentração. Depois do holocausto, de judeus comunistas, ciganos, homossexuais
ou quem quer que fosse que apodassem de inimigo.
Babi Yar na Ucrânia representa o assassinato, em 29 e 30 de
Setembro de 1941, da população judia. Foram mortos em dois dias 33.800 judeus, de
Kiev. Quase só mulheres, crianças e velhos que os homens tinham fugido para as
florestas para resistirem. Nesta ravina dos arredores de Kiev foram abatidos a
tiro durante o período de domínio alemão da Ucrânia, cerca de 100 mil civis inocentes.
Nem só os nazis cometeram crimes de guerra. Do lado
soviético há a chacina na floresta Katyn de oficiais , polícias e civis polacos,
pela polícia secreta de Béria, sob a acusação de espionagem e subversão. Ou do
lado dos aliados ocidentais o injustificado bombardeamento, em 13 e 15 de
Fevereiro de 1945, da bela cidade de Dresden, a “Florença do Elba”, sem
qualquer valor estratégico, por 1300 bombardeiros ingleses e norte-americanos
com bombas incendiárias. Uma chacina de dezenas de milhar de civis.
A BATALHA DE ESTALINEGRADO
De Julho a Novembro de 1942, 125 dias, durou a ofensiva dos
exércitos nazis contra Estalinegrado. Foi a batalha mais feroz da guerra com
combates rua a rua, casa a casa, andar a andar, nas ruas da cidade. A partir de
Novembro inicia-se a contraofensiva do Exército Vermelho. Segundo cálculos dos
soviéticos terão morrido ou ficado feridos, nesta batalha, 700 mil militares
alemães.
O Exército do carismático general alemão Von Paulos foi
cercado pelas tropas soviéticas em Estalinegrado. Não se rendeu. Só depois de
48 dias de cerco e duras batalhas, em 31 de Janeiro de 1943 o general se entregou.
Foram enterrados os cadáveres de 147 mil militares alemães e feitos
prisioneiros 91 mil, dos quais 2500 oficiais e 24 generais.
Em Novembro de 1942 as forças militares no território da
URSS equilibravam-se. Os alemães e seus aliados, italiano, romenos e outros,
tinham em campanha na URSS cerca de 6 milhões 270 mil militares contra 6
milhões 124 mil militares soviéticos. No entanto no verão de 1943 as forças alemãs
e dos seus aliados na frente alemã-soviética era de 5 milhões e 325 mil homens contra
6 milhões e 442 mil do lado soviético.
KURSK
Em Abril de 1943, depois da derrota de Estalinegrado as
forças Alemanha em retirada para Ocidente tentaram com um grande reagrupamento
de forças parar a retirada e desencadear uma nova ofensiva na Rússia que se veio a concretizar com a operação “Cidadela”, a batalha de Kursk. Foi a maior batalha de tanques da história. Reuniram no lado alemão, 900 mil combatentes, 10 mil canhões e morteiros, 2700 tanques, e mais de 2000 aviões. O Exército Vermelho
mobilizou para a batalha 1.337.000 homens, 19,300 canhões e morteiro, 3.300 tanques e
2.650 aviões. A batalha durou 50 dias, de 5 de Julho e terminou a 23 de Agosto de 1943. Do
lado do exército vermelho que dispunha então já de um bem montado sistema de informações e sabiam com bastante antecedência da data aproximada do ataque e das suas principais direcções adoptaram a táctica de aceitar a ofensiva alemã, tentar
o desgaste das suas forças e passar depois à ofensiva com forças frescas.
Esta batalha marca o fim da ofensiva alemã, marca o início
da sua derrota e a retirada até Berlim.
O DIA D, O DESEMBARQUE DA NORMANDIA
( Seguirá dentro
de momentos)
Comments:
<< Home
Um bom artigo, sem qualquer dúvida. Mass, permitam-me chamar a vossa atenção para o que penso serem dois erros: se a batalha durou 50 dias e terminou a 23 de Agosto, não pode ter começado em Abril. De facto, julgo que começou em Julho. O outro é a repetição do número de canhões: julgo que o segundo número se refere a tanques e não a canhões. Mas, mesmo assim não estará certo, ppois julgo que foram perto de 5 mil.
Meu Caro as datas estavam mal explicadas. Já alterei a redacção. A preparação da ofensiva alemã, com reagrupamento de tropas iniciou-se em Abril de 1943 mas a batalha do saliente de Kursk teve início a 5 de Julho. Segundo o historiador inglês Martin Gilbert,na sua " 2ª Guerra Mundial"(Edit. D. Quixote, 1989) foi rigorosamente às 3h e 30 m do dia 5 de Julho.
Quanto aos armamentos tens razão o 2º nº refere-se a carros de combate. Quer Martin Gilbert quer "A Grande Guerra Pátria da União Soviética do Instituto de M-L adjunto ao CC do PCUS estão de acordo com os nºs de tanques referidos: 2.700 + 3.300 = 6.000 no total. Obrigado pelas observações.
Enviar um comentário
Quanto aos armamentos tens razão o 2º nº refere-se a carros de combate. Quer Martin Gilbert quer "A Grande Guerra Pátria da União Soviética do Instituto de M-L adjunto ao CC do PCUS estão de acordo com os nºs de tanques referidos: 2.700 + 3.300 = 6.000 no total. Obrigado pelas observações.
<< Home